Sem explicação dos médicos, fungo na garganta enrouquece voz de homem

Ao longo de um ano, os cientistas monitorizaram a voz de um homem que ao longo deste período foi ficando progressivamente mais rouca, aso mesmo tempo que o seu discurso se tornou estridente e ríspido, mas ele não sabia porquê.

Ao examinar o homem, os médicos descobriram a razão: um fungo estava a crescer na sua garganta.

Segundo o relatório do caso, publicado na revista JAMA Otolaryngology-Head & Neck Surgery, o indivíduo parecia saudável quando foi a uma clínica na Pensilvânia que tratava de problemas da cabeça e do pescoço. O homem, na casa dos 60 anos, relatou que tinha desenvolvido “rouquidão progressiva” e falta de ar nos últimos 12 meses. Anteriormente, o seu médico de cuidados primários tinha-o tratado com corticosteróides inalados, um tratamento padrão para a asma, mas os seus sintomas não melhoraram.

Para examinar as pregas vocais e a laringe do homem, a “caixa de voz” que segura as pregas vocais, os médicos utilizaram uma técnica de imagem de alta velocidade chamada videostroboscopia. Este exame revelou um inchaço “grave” no tecido que reveste a garganta do paciente, sendo que este inchaço tinha causado o estreitamento das vias respiratórias.

Os médicos também fizeram uma biopsia ao tecido da laringe do homem e confirmaram que o tecido estava inchado, irregular e “friável” ao toque, o que significava que se rasgava facilmente. Um exame mais específico do tecido amostrado revelou manchas de células mortas da laringe rodeadas por grupos de células imunitárias, sugerindo que as células tinham morrido devido a uma inflamação intensa na garganta. O exame revelou também células de levedura em crescimento, que as células imunitárias tinham rodeado e começado a engolir.

Um teste de diagnóstico identificou a levedura como Blastomyces dermatitidis, um fungo que causa uma infecção chamada blastomicose. O B. dermatitidis cresce em ambientes exteriores, tipicamente em solo húmido e madeira e folhas em decomposição, de acordo com os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC).

Nos EUA, a espécie é especialmente predominante nas áreas circundantes dos vales dos rios Ohio e Mississippi, dos Grandes Lagos, e do rio St. As pessoas podem desenvolver blastomicose após respirarem os esporos de B. dermatitidis suspensos no ar, embora a maioria das pessoas expostas ao fungo não adoeçam.

Ter um sistema imunitário enfraquecido aumenta o risco de infecção e as pessoas que adoecem desenvolvem tipicamente sintomas entre três semanas e três meses após terem contacto com os fungos. Por vezes, a infecção pode alastrar aos pulmões, pele, ossos ou sistema nervoso central, ou seja, ao cérebro e à medula espinal, ainda de acordo com o CDC.

No caso do homem, o fungo cresceu apenas na sua laringe, o que é bastante invulgar. “A blastomicose laríngea, relatada pela primeira vez em 1918, é uma manifestação extrapulmonar rara”, observaram os seus médicos no relatório do caso.

Devido à obstrução significativa das vias respiratórias do homem, foi submetido a uma cirurgia para ter um tubo de respiração colocado na sua traqueia e um tubo de alimentação colocado no seu estômago. Recebeu uma prescrição a longo prazo para o antifúngico itraconazol, e numa consulta de seguimento de dois meses, a sua rouquidão tinha melhorado consideravelmente e o tubo de alimentação tinha sido removido.

Num seguimento de cinco meses, a videotroscopia revelou que o inchaço na garganta do homem tinha diminuído e que as suas pregas vocais tinham recuperado alguma mobilidade. Nesta altura, o seu tubo de respiração também foi removido.

ZAP //

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