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Filosofia vs. Racismo: Porto Editora recusa retirar manuais com referência ao caso Marega

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Manuel Fernando Araújo / Lusa

Clube vimaranense foi absolvido das acusações de racismo e apenas três espectadores foram multados na sequência do caso. 

A inclusão, por parte da Porto Editora, de uma referência ao caso de Moussa Marega num dos seus manuais escolares de Filosofia está a levantar polémica, depois do Vitória de Guimarães ter emitido um comunicado em que critica a posição da editora por ter criado um “estigma generalizado” em relação aos adeptos do clube e em que relembra que este “foi absolvido de todas as acusações referentes a este caso”.

Na resposta, a editora rejeita que o livro em questão “potencie a criação de um estigma injustificado sobre milhares de adeptos, como refere o comunicado emitido pelo clube vitoriano”.

Ainda assim, é deixado um pedido de desculpas ao Vitória de Guimarães. “Os autores do manual referem-se aos adeptos do Vitória Sport Clube como os autores dos insultos racistas.” Como tal, “pedimos desculpa ao Vitória Sport Clube e aos adeptos vitorianos e vamos proceder à correção do texto, nos livros, nos livros escolares que ainda não foram impressos.”

Ainda assim, esta posição não vai ao encontro do pedido feito pelo Vitória de Guimarães, que exigia a total retirada do manual de Filosofia em questão.

Mais do que o caso de racismo enfrentado pelo jogador do Futebol Clube do Porto em fevereiro de 2020, no estádio D. Afonso Henriques, o texto em causa abordava um posicionamento ético de um jornalista de um telejornal enquanto apresentava uma peça a referente à situação.

O incidente remonta a fevereiro de 2020. Decorria o 69.º minuto de jogo quando o foco da atenção do jogo entre Vitória SC e FC Porto se apontou para Moussa Marega. O avançado maliano dos ‘dragões’ começou a caminhar em direção aos balneários enquanto era agarrado pelos colegas de equipa e alguns adversários. Das bancadas ouviam-se apupos.

O jogador foi alvo de insultos racistas de alguns adeptos vimaranenses, que imitaram sons de macacos durante várias fases do encontro. O então jogador portista acabou por não aguentar mais a discriminação que sentia das bancadas e saiu mesmo do terreno.

O internacional pelo Mali saiu do terreno a gritar para as bancadas adversárias e com os dedos médios apontados para os adeptos.

“Quando acontece algo desse género, o jogo passa para segundo plano. Estamos completamente indignados. Sei bem da paixão que existe aqui em Guimarães pelo clube, mas sei que a maior parte dos adeptos não se revê naquilo que sucedeu com um pequeno grupo de adeptos a insultar o Marega desde o aquecimento. Nós somos uma família, independentemente da nacionalidade, altura, cor do cabelo, cor da pele. Somos humanos, merecemos respeito e o que se passou hoje aqui foi lamentável“, disse Sérgio Conceição no final do encontro.

Através de uma publicação na sua conta pessoal do Instagram, o jogador insultou “esses idiotas que vêm ao estádio fazer gritos racistas [sic]” e ainda deixou uma mensagem de agradecimentos aos árbitros. “E também agradeço aos árbitros por não me defenderem e por terem me dado um cartão amarelo porque defendo minha cor de pele”.

“Espero que nunca mais encontrá-lo em um campo de futebol! VOCÊ É UMA VERGONHA! [sic]” lê-se ainda.

Já no ano passado, o Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) anulou o castigo de três jogos à porta fechada que foi aplicado ao Vitória devido aos insultos racistas a Marega.

Além de ver anulado o castigo de três jogos à porta fechada, o clube vimaranense foi absolvido de pagar uma multa de 53.500 euros.

Os três arguidos foram ainda obrigados a pedir desculpa ao ex-jogador do FC Porto, mas também ao Vitória, num texto que terá de ser publicado no semanário da cidade de Guimarães.

No texto, publicado no jornal do Grupo Santiago, os três arguidos assumem que “vaiaram e insultaram o jogador da equipa visitante”, mas não admitem qualquer admissão de culpa por comportamentos racistas.

ZAP //

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1 Comment

  1. A tentativa de reescrever a história. Se aconteceu, é facto: simples! — a questão é olhar para os acontecimentos e não os repetir; isso sim é algo bem diferente.

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