Células estaminais revelam os pilares de uma doença imunitária rara

bwjones / Flickr

Novo estudo de células estaminais ajudou a explicar melhor uma doença genética rara chamada síndrome de Wiskott-Aldrich (WAS).

Um novo estudo de células estaminais ajudou a explicar a Wiskott-Aldrich (WAS), através de pistas moleculares que podem facilitar a criação de novos tratamentos para esta síndrome de imunodeficiência.

Os resultados do estudo realizado por investigadores da KAUST foram publicados a 25 de junho na Nature Communications.

A síndrome afeta cerca de um em cada 100.000 bebés, provocando frequentes episódios de hemorragia e infeções, ao mesmo tempo que eleva o risco de doenças inflamatórias que acabavam por se tornar em cancros.

Sabe-se há quase 30 anos que as mutações no gene que codifica a proteína da síndrome WAS causam a anormalidade imunológica, mas as funções precisas desta proteína há muito que escapam aos cientistas.

Para melhor compreender o que o WASP faz, Mo Li, biólogo de células estaminais, juntamente com investigadores da KAUST e do Salk Institute for Biological Studies na Califórnia criaram um painel de células estaminais pluripotentes induzidas (iPSCs) de pacientes com deficiência imunológica.

Utilizaram também a edição genética para corrigir o erro mutacional dos iPSCs dos pacientes ou eliminar todo o gene WAS de uma linha WT iPSC, resultando em linhas de células estaminais emparelhadas que se combinavam de todas as formas, exceto na sequência genética WAS.

“Estes são modelos poderosos que nos podem ajudar a compreender as funções da WASP e os mecanismos da doença da síndrome de Wiskott-Aldrich num contexto celular humano autêntico”, realça Li.

As células estaminais e a sua descendência diferenciada permitiram aos investigadores estudar as consequências da atividade da WASP em diferentes linhagens de células imunitárias, segundo a Phys Org.

Descobriram que as células sem uma versão funcional da WASP tinham níveis elevados de outro grupo de proteínas conhecidas como fatores de emenda do RNA, que desempenham um papel fulcral no processamento de transcrições genéticas, de modo a codificar a quantidade adequada.

Com níveis tão elevados destes fatores de emenda, as transcrições são muitas vezes reduzidas ou acabam por ficar com domínios em falta. A função geral da proteína sofre, e a célula fica doente.

Os investigadores mostraram que uma versão operacional do WASP funciona em conjunto com um fator de emenda particular, O SRSF2.

A equipa de investigação descobriu que a WASP é necessária para restringir a atividade do SRSF2 através da produção de agregados líquidos transitórios de proteínas e ácidos nucleicos.

Conhecidos como condensados biomoleculares, estes núcleos subcelulares contêm normalmente WASP juntamente com enzimas de cópia de ADN para RNA, transcrições de genes sintetizados e fatores de emenda, incluindo SRSF2.

“O nosso estudo revela pela primeira vez que a WASP é uma proteína separada por fases que pode participar diretamente no processo de emenda do RNA“, revela Baolei Yuan, co-autor do estudo e estudante de doutoramento.

No entanto, as deficiências da WASP poderiam ser ultrapassadas através de uma orientação genética para a atividade do SRSF2.

Nas células imunitárias derivadas de células estaminais, por exemplo, derrubar a expressão deste fator de emenda ajudou a prevenir a libertação de moléculas promotoras de inflamação, aumentando as possibilidades terapêuticas.

“SRSF2 pode ser o foco para a cura da doença da síndrome de Wiskott-Aldrich”, admite Xuan Zhou, também co-autor do estudo e doutorando.

ZAP //

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