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Inflação na Argentina ultrapassa 60% (e pode superar os 100%)

Subida de preços não está relacionada com a guerra na Ucrânia. Inflação chegou aos 60,7% em Maio, carne subiu ainda mais e podem aparecer três dígitos.

A inflação em Portugal, e noutros países europeus, tem acelerado para valores recordes nos últimos meses, por causa da guerra na Ucrânia.

No entanto, os 8% portugueses não se comparam, por exemplo, com os valores da Argentina.

A inflação anual na Argentina chegou aos 60,7% em Maio, de acordo com os dados apresentados pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos.

O mesmo relatório indica que, no mês passado, houve uma inflação mensal de 5,1% e que, em 2022, a inflação atingiu os 29,3% ao longo destes cinco primeiros meses do ano.

A taxa de 60,7% é a mais alta dos últimos 30 anos, quando comparada com o mesmo mês do ano anterior.

No entanto, a contabilidade oficial demonstra que, há um ano, em Junho de 2021, a variação anual já estava acima dos 50%.

O sector que registou a maior subida no mês passado foi o da saúde, com 6,2%. Mas destaca o jornal Clarín que, por exemplo, o preço da carne subiu 68% em relação a Maio do ano passado – num sector que registou em 2021 o consumo médio mais baixo no último século.

O Governo realça o facto de a variação mensal em Maio (5,1%) ter sido mais baixa do que em Abril (6%) e em Março (6,7%) e lembra que a guerra na Ucrânia está a criar um aumento generalizado de preços.

Contudo, os economistas locais anotam outros motivos: a Argentina não tem acesso ao mercado de crédito, não tem reservas no Banco Central; e o Governo emite dinheiro sem respaldo para cobrir o défice fiscal, aumentando a inflação, indica a agência Lusa.

Desde o final de 2019, ou seja, desde que Alberto Fernández passou a ser presidente da Argentina, a inflação acumulada situa-se nos 158,2%.

Em resumo, os especialistas apontam para uma economia – e uma inflação – independente do conflito na Ucrânia.

Falta reduzir o défice fiscal, conter a emissão monetária e acumular reservas no Banco Central – os três pontos principais no acordo financeiro entre a Argentina e o Fundo Monetário Internacional, assinado há três meses.

Dante Sica, que foi ministro da Produção e do Trabalho na Argentina, avisou: a inflação anual na Argentina vai ultrapassar os 100%.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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