Receitas caseiras de leite em pó estão a ser partilhadas nas redes sociais nos EUA, mas os especialistas médicos alertam para os seus perigos.
Os Estados Unidos estão a enfrentar uma grave falta de leite em pó infantil após o encerramento da maior fábrica do país ter agravado os problemas na cadeia de abastecimento.
Ao verem prateleiras vazias, ou ao verem limites de quantidade no momento da compra, as famílias norte-americanas (sobretudo nas casas onde não há amamentação) começam a procurar soluções.
As redes sociais, como Twitter, TikTok, e YouTube, têm oferecido supostas receitas alternativas para leite em pó, mas especialistas médicos estão a manifestar-se contra a moda, alertando para os seus perigos.
Apesar dos esforços das plataformas de removerem os vídeos que violam as suas regras que proíbem a desinformação médica, muitos destes vídeos continuam disponíveis por longos períodos de tempo, escreve a Insider.
“Entendemos a necessidade de tentar fazer qualquer coisa […] mas parecia que eram apenas mais e mais vídeos e receitas diferentes, todas as quais, se você tem algum tipo de formação nutricional ou médica, pode ver que são extremamente perigosos“, disse a Dra. Sami, uma médica do Texas que pertence às PediPals, uma dupla de pediatras que cria conteúdos para as redes sociais.
Alguns vídeos exigiam ingredientes como leite evaporado e xarope de milho. Outros pediam sementes de canábis, tâmaras sem caroço e baunilha. Alguns criadores de conteúdos recomendam até que as pessoas alimentem os bebés com leite de cabra como alternativa.
Todas estas opções podem ser potencialmente prejudiciais para os bebés, avisam os especialistas médicos.
“Dizem que funcionou para mim, funcionou para a minha mãe, para a minha avó, e isso obviamente deve funcionar para você”, disse Ana, a outra pediatra da dupla PediPals. No entanto, este tipo de “conselho geral” pode ser perigoso, avisou a médica.
Atualmente, a produção de leite em pó para bebés está concentrada em três grandes empresas nos EUA. A crise vivida agora teve origem em problemas na cadeia de abastecimento trazidos pela pandemia e na falta de fornecedores diversificados, mas foi agravada em fevereiro quando a Abott, uma das principais produtoras americanas, fechou uma das suas fábricas após surgirem dúvidas sobre a segurança do leite.
A fábrica em questão, no Michigan, era a maior do país e produzia cerca de 20% do leite em pó consumido nos EUA, mas foi encerrada após quatro bebés terem contraído uma infeção bacteriana depois de consumirem produtos lá criados. Duas das crianças acabaram mesmo por morrer.
A falta de leite em pó também já levou à hospitalização de algumas crianças, visto que alguns dos produtos em falta são essenciais para bebés que tenham alergias ao leite de vaca ou que tenham problemas digestivos.