Cientistas apontam o tecido mais notável do corpo humano: os testículos

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Os testículos foram identificados como “o tipo mais peculiar de tecido” do corpo humano, num atlas produzido pelo Instituto Real de Tecnologia na Suécia.

Os investigadores identificaram que proteínas estão activas em cada tecido do corpo humano. Diversos testes mostraram que os testículos precisam das proteínas mais diferenciadas para funcionar.

No estudo, a equipa de investigadores usou anticorpos criados para se acoplar a diferentes proteínas, e expuseram 32 tipos de tecido – representando os maiores órgãos do corpo – a esses anticorpos, para verificar quais se prendiam e saber que proteínas se encontravam ativas.

Quase 1000 proteínas mostraram-se mais activas no tecido dos testículos do que em qualquer outro lugar do corpo – mais precisamente, 999 proteínas.

O cortex cerebral tinha apenas 318 proteínas activas; o fígado, 172; e os músculos lisos, 0.

O coordenador do projeto, Mathias Uhlen, explica à BBC que os testículos podem ser únicos devido ao complicado método de produção de espermatozóides, que precisam de ter mais que o dobro de DNA que uma célula normal.

Além disso, os testículos são distintos porque se focam em produzir um grande número de espermatozóides, sem erros no código genético.

Mutações numa célula normal podem eventualmente levar ao cancro. Mas uma mutação nos espermatozóides pode tornar impossível que eles fertilizem um óvulo.

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Mathias Uhlen, director científico do SciLifeLab, em Estocolmo, Suécia

Mathias Uhlen, director científico do SciLifeLab, em Estocolmo, Suécia

A Máquina de fabricar proteínas

O Atlas das Proteínas Humanas é considerado “um instrumento de grande importância” para a investigação científica e o desenvolvimento de novos medicamentos.

O DNA humano contém instruções para a criação de 20 mil proteínas – as peças da “maquinaria” necessária para fazer o nosso corpo funcionar.

A combinação de proteínas activas numa determinada célula determina a sua função no organismo.

Uma célula responsável por filtrar o sangue no rim trabalha de forma diferente – com proteínas diferentes – de uma célula do cérebro, por exemplo.

A descoberta de que funções são desempenhadas por cada proteína nas diferentes partes do corpo tem importantes implicações para a medicina.

“Se estivermos a investigar desordens neurológicas ou cerebrais, ou ainda doenças degenerativas como o Alzheimer, obviamente é interessante saber que proteínas estão mais activas no cérebro”, diz Uhlen.

“Também há cerca de 600 proteínas que são os alvos de todas as drogas farmacêuticas. Podemos apontar esses alvos no corpo humano e ter indicação de efeitos colaterais.”

A investigação vai ajudar os cientistas a criar um “atlas das patologias“, que mostrará o que está errado num corpo humano doente, e que proteínas estão envolvidas.

Ewan Birney, director do Instituto de Bioinformática Europeu, afirma que o projecto pode complementar o rápido avanço da exploração do DNA.

“Será um recurso fundamental para os alicerces do Projeto do Genoma Humano”, diz Birney.

ZAP / BBC

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