A Starbucks disse, esta terça-feira, que pagará as despesas de viagem aos seus funcionários norte-americanos que procurem abortar ou realizar procedimentos de confirmação de género se esses serviços estiverem indisponíveis a menos de 160 quilómetros de suas casas.
A gigante do café de Seattle informou que também disponibilizará o benefício de viagem para os dependentes de funcionários inscritos no plano de saúde da Starbucks.
A companhia tem 240.000 funcionários nos Estados Unidos, mas a empresa não informou qual a percentagem que está inscrita no seu plano de saúde.
A Starbucks está entre as maiores empresas a adotar um benefício de viagem para trabalhadores após a fuga de informação sobre um projeto de opinião do Supremo Tribunal norte-americano que revogaria o direito ao aborto no país.
“Independentemente do que o Supremo Tribunal decidir, sempre garantiremos que os nossos parceiros tenham acesso a cuidados de saúde de qualidade”, escreveu Sara Kelly, vice-presidente executiva interina de recursos de parceiros da Starbucks, numa carta aos funcionários.
A Amazon também cobrirá em até 4.000 dólares (3.830 euros) as despesas de viagem e hospedagem de funcionários que procurem tratamentos médicos sem risco de vida, incluindo abortos e procedimentos de confirmação de género.
De acordo com mensagens enviadas aos funcionários, o benefício está em vigor desde o início deste ano e aplica-se caso o procedimento não estiver disponível num raio de 160 quilómetros da casa do funcionário.
A Tesla também indicou no início deste mês que cobriria os custos de viagem para funcionários que procurem abortos fora do estado.
Algumas empresas, incluindo a Levi Strauss&Co., Yelp e Citigroup, comprometeram-se em pagar os custos de viagem de funcionários do Texas que procurem abortar, em resposta a uma lei do Texas de 2021 que proíbe abortos após as cerca de seis semanas de gravidez.
Contudo, muitas outras empresas, incluindo Walmart e Facebook, não se manifestaram sobre a questão por enquanto, silêncio que foi notado pela imprensa norte-americana.
O direito foi estabelecido nos Estados Unidos no caso histórico de 1973 conhecido como ‘Roe v. Wade’, em que foi decidido que as mulheres grávidas têm o direito constitucional de interromper a gravidez até ao ponto de viabilidade fetal, ou seja, a partir do momento em que o feto pode sobreviver fora do útero, que ocorre geralmente em torno de 24 semanas de gestação.
Contudo, se anulada a decisão, os Estados Unidos voltarão à situação que existia antes de 1973, quando cada estado era livre de proibir ou autorizar a realização de abortos.
Dada a grande divisão geográfica e política sobre a questão, espera-se que metade dos estados, especialmente no sul e no centro, mais conservadores, proíbam rapidamente o procedimento, entre Texas, Arizona, Missouri, Geórgia, Ohio, Indiana ou Wisconsin.
Antes da sentença, em 1973, 30 estados dos 50 que compõem os Estados Unidos tinham leis que proibiam o aborto em qualquer momento da gravidez.
O resultado da decisão do Supremo, de maioria conservadora, está previsto para junho e terá também repercussões na campanha eleitoral antes das eleições intercalares de novembro, que determinarão que partido controlará o Congresso.
// Lusa
Se tiverem boas condições de trabalho, se calhar não precisam de abortar…