Os macacos também têm consciência dos seus batimentos cardíacos (e isto é uma boa notícia para nós)

Wikimedia

Um macaco Rhesus.

O fenómeno da interoceção — a auto-consciência sobre o que se passa dentro dos nossos corpos — está associado à nossa saúde mental. Os macacos podem agora ajudar-nos nesta luta.

A sensação do coração a acelerar não é exclusiva dos humanos. Um novo estudo publicado na Processdings of the National Academy of Sciences concluiu que os macacos também têm noção do seu próprio batimento cardíaco — e esta descoberta pode ajudar os cientistas a estudar as emoções humanas a nível celular.

A auto-consciência sobre o que se passa nos nossos corpos, desde sentirmos o nosso batimento cardíaco até à noção de que é hora de irmos à casa de banho, chama-se interoceção e esta capacidade permite que estejamos alerta sobre o que se passa dentro dos nossos corpos.

Nas últimas décadas, os cientistas têm ligado a sensibilidade intercetiva à consciência emocional e ao impacto que esta pode ter em várias doenças mentais. As pessoas com menor noção do seu batimento cardíaco, por exemplo, têm uma probabilidade maior de sofrerem de depressão. Os cientistas esperam que o estudo da interoceção ajude no combate a distúrbios psiquiátricos, revela a Science.

O problema é a dificuldade de estudo deste fenómeno porque as estruturas cerebrais relevantes estão em zonas que não são acessíveis, a não ser que se faça uma cirurgia invasiva. Por causa disto, os cientistas procuraram entender se os macacos poderiam ser úteis nesta missão.

Para confirmarem esta hipótese, os autores replicaram a estrutura de um estudo anterior focado em bebés humanos. Nessa experiência, os cientistas ligaram 41 bebés a um eletrocardiograma que acompanhou os seus ritmos cardíacos e a um rastreador do olhar com ultra-vermelhos.

Os bebés viram depois vídeos de formas saltitantes, com algumas a saltarem ao mesmo ritmo que os seus batimentos cardíacos e outras a saltarem fora da sincronia com os corações das crianças. Os bebés prestaram mais atenção às formas que saltavam com um ritmo diferente dos seus batimentos cardíacos, o que aponta para que tenham interoceção.

A equipa decidiu replicar esta experiência com macacos rhesus e todos eles também distinguiram entre os estímulos sincronizados e fora de sintonia, focando-se em média, 0.83 e 0.68 segundos extra quando as formas se mexiam 10% mais rápido ou mais lento, respetivamente.

Esta descoberta pode ser útil na criação de pontes entre a fisiologia e psicologia comportamental, visto que os macacos têm sistemas neurológicos mais parecidos com os dos humanos do que os ratos, que são geralmente os animais mais usados nestas pesquisas.

ZAP //

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