Afinal, a depressão pós-parto pode estar ligada ao sistema imunitário

1

Um novo estudo sugere que a depressão pós-parto — que afeta cerca de 15% das mulheres — pode estar ligada o sistema imunitário.

A depressão pós-parto afeta cerca de 15% das mulheres depois de darem à luz, e também pode ter um efeito negativo nas crianças, segundo a Science Alert.

Embora ainda não se compreenda exatamente porque é que acontece em primeiro lugar, um novo estudo, publicado a 1 de abril na Nature, descobriu agora uma potencial ligação entre a depressão de uma recém mãe e o seu sistema imunitário.

Uma equipa liderada por investigadores da Virginia Commonwealth University examinou múltiplas características de amostras de sangue de 482 mulheres com depressão pós-parto (DPP), e encontrou diferenças significativas nas células B, em comparação com aquelas sem a condição.

As células B são uma parte chave do sistema imunitário do corpo, e são ativadas quando o corpo identifica objetos estranhos.

Em resposta, estas células são um dos principais produtores de anticorpos. As células B também enviam tanto sinais pró-inflamatórios como anti-inflamatórios.

“Há uma interação realmente delicada do sistema imunitário durante a gravidez”, salienta Jerry Guintivano, geneticista da Universidade da Carolina do Norte.

“Tem de evitar  a infeção por uma gripe, e também tem de se adaptar para não reconhecer o feto como um corpo estranho e o atacar. Depois, no período pós-parto, todas estas hormonas e percursos são reiniciados para voltar à pré-gravidez“, sublinha o especialista.

Guintivano e a equipa de investigação utilizaram três tipos de análise biológica para identificar as variações das células B, nomeadamente sequenciação do ARN, genética do ADN, e avaliação da metilação do ADN — todas concebidas para medir a composição e a atividade celular.

Em mulheres com DPP, os investigadores encontraram milhares de transcrições individuais de células B — sequências de codificação para sintetizar proteínas — que não foram vistas em mulheres sem a condição. Estas diferenças foram demonstradas em parte devido a variantes de ADN e regulação genética.

Uma quarta técnica genética chamada análise de vias, que associa sequências de codificação a possíveis vias fisiológicas com as quais as proteínas resultantes interagem, também destacou a ativação alterada das células B entre as mulheres que sofrem de DPP e as que não têm a condição.

No entanto, ainda não é exatamente claro o que está por detrás das variações ou como estas podem interferir com a condição.

“Este é o maior estudo sobre o tema, mas ainda não sabemos porque é que as células B estão a mudar”, insiste Guintivano.

“Estarão elas a refletir outra mudança no corpo que é causada ou causa DPP? O que está a conduzir este comportamento das células B”, questiona ainda.

A investigação anterior analisou de perto os genes e as hormonas e a forma como se relacionam com a DPP, mas a equipa diz que “várias vias” terão de ser exploradas, para se compreender completamente a condição.

O que o estudo atual dá é uma amostra grande e diversificada — a maior de sempre num estudo deste tipo sobre depressão pós-parto — e algumas possíveis pistas sobre como o sistema imunitário pode ser a causa e potencial solução para a condição que cerca de 15% das recém mães sofrem.

A DPP pode ser uma condição devastadora para ambos os pais de uma criança, provocando ansiedade, falta de energia, tristeza, problemas alimentares e de sono, e até mesmo pensamentos suicidas. Os investigadores fizeram questão de elogiar as mulheres que se apresentaram para a investigação.

“As mulheres que participaram neste estudo são recém mães que vieram durante um período muito crítico, quando os seus bebés tinham semanas, para participar na investigação para ajudar outras mulheres”, refere Guintivano.

Quero agradecer-lhes por isso. Queremos fazer justiça às suas contribuições para a nossa investigação”, conclui o especialista.

Alice Carqueja, ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

1 Comment

  1. Com tanta criança para adoptar por esse mundo fora, andam para aí umas obsessivas a gastar toneladas de dinheiro em cliinicas de fertilidade. Só o dinheiro que gastam já dava para criar mais do que uma criança abandonada………….mas elas lá sabem………

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.