Exercício físico pode ajudar a prevenir cancro

Um grupo de investigadores demonstrou que o exercício físico pode não só  prevenir o cancro, mas também ajudar o corpo a lutar contra o mesmo.

A atividade física está correlacionada com taxas mais baixas de cancro, mas recentemente têm surgido descobertas que detalham os mecanismos biológicos subjacentes a esta relação.

Um novo estudo, realizado por cientistas da Universidade de Newcastle, mostrou que o exercício regular pode aumentar a concentração de proteínas de combate ao cancro no sangue, o que retarda o crescimento tumoral e limita os danos no ADN.

Pesquisas científicas há muito que associam o exercício regular a um risco reduzido de cancro, mas estudos recentes têm vindo a investigar de que formas este pode realmente evitar a neoplasia, explica o New Atlas.

Pesquisas recentes revelaram a forma como o exercício reforça a atividade das células T (que exterminam o cancro), impede o desenvolvimento de cancro do fígado em ratos e induz a produção de proteínas que retardam o crescimento do tumor no músculo esquelético .

Outros estudos mostraram também que o exercício pode não só prevenir, mas também ajudar o corpo a lutar contra o cancro.

O estudo da equipa da Universidade de Newcastle, que estava a investigar especificamente a relação do exercício físico com o cancro do intestino, fornece agora ainda mais informação sobre o assunto.

As conclusões da pesquisa foram apresentadas num artigo publicado na International Journal of Cancer, em fevereiro deste ano.

Segundo os autores artigo, o estudo é como uma prova de conceito. A pesquisa envolveu 16 sujeitos entre os 50 e 80 anos de idade, todos com fatores de risco de cancro do intestino, tais como estilos de vida inativos ou excesso de peso.

Foram recolhidas amostras de sangue e os sujeitos foram submetidos a uma sessão de bicicleta interior de 30 minutos a uma intensidade moderada, com uma segunda amostra de sangue recolhida imediatamente a seguir. Foram colhidas amostras de sangue separadas num dia de repouso como controlo.

O resultado das amostras de sangue mostraram que, nas que foram colhidas logo após o exercício, os níveis de interleucina-6 (IL-6), conhecida proteína que combate o cancro, eram elevados.

Os cientistas submeteram as células cancerosas do intestino às amostras de sangue no laboratório, e observaram como afetaram o crescimento celular durante um período de 48 horas, o que devolveu alguns resultados dignos de atenção.

As amostras recolhidas logo após o exercício foram mais eficazes a retardar o crescimento das células cancerosas. Estas amostras também se mostraram mais eficazes a reduzir os danos no ADN, o que indica que o exercício pode ser uma forma de promover a estabilidade das células.

“As provas científicas anteriores sugerem que mais exercício é melhor para reduzir o risco de cancro do intestino, pois quanto mais atividade física as pessoas fazem, menores são as suas probabilidade de o contrair”, disse Sam Orange, autor principal do estudo.

“A nossa pesquisa apoia esta ideia. Quando o exercício é repetido várias vezes por semana durante um período prolongado, as substâncias de combate ao cancro, como a IL-6, libertadas na corrente sanguínea, têm a oportunidade de interagir com células anormais, reparando o ADN e reduzindo o crescimento do cancro“.

Os cientistas planeiam agora investigar como o exercício reduz os danos no ADN e exatamente que tipos de exercício podem ser mais eficazes quando se trata de prevenir o cancro.

“Compreender melhor estes mecanismos poderia ajudar a desenvolver diretrizes de exercício mais precisas para a prevenção do cancro”, disse Orange. “Poderia também ajudar a desenvolver tratamentos medicamentosos que replicam alguns dos benefícios do exercício físico para a saúde”.

A atividade física de qualquer tipo, e de qualquer duração, pode melhorar a saúde e reduzir o risco de cancro do intestino, mas mais é sempre melhor.

As pessoas mais sedentárias, alertam os cientistas, deveriam começar por se mover mais — e procurar incluir a atividade física nas suas rotinas diárias.

Inês Costa Macedo, ZAP //

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