No âmbito das celebrações dos 50 anos do golpe que pôs fim à ditadura, o Presidente da República decidiu homenagear os membros da Junta de Salvação Nacional que governou Portugal a seguir ao 25 de Abril.
Segundo avança o Público, Marcelo Rebelo de Sousa vai condecorar todos os membros da Junta de Salvação Nacional, o grupo que governou Portugal imediatamente a seguir ao 25 de Abril, mesmo aqueles que ficaram à margem do planeamento do golpe.
Jaime Silvério Marques, brigadeiro que chegou até a preso no dia 25 de Abril e levado para o quartel da Pontinha, onde estava o comando da operação de Otelo Saraiva de Carvalho, vai ser condecorado, já que integrou a Junta por sugestão do general António de Spínola.
Deputado do CDS e candidato presidencial em 1980, Carlos Galvão de Melo, vai ter uma homenagem póstuma. Diogo Neto, que não participou na comunicação ao país na RTP por estar em Moçambique, também será galardoado pelo Presidente.
Foi António de Spínola, que mais tarde se tornou o primeiro chefe de Estado no pós-25 de Abril, que anunciou na RTP, durante a madrugada, que a Junta de Salvação Nacional iria agora assumir o leme dos destinos do país.
Spínola exigiu também que uma das medidas presidentes no manifesto dos capitães — a descolonização e independência das colónias — não fosse incluída na proclamação da Junta nem no programa do Movimento das Forças Armadas. O documento acabou assim por ficar mais vago e falar apenas na aposta numa solução “política e não militar” para as guerras nas colónias.
A 15 de Maio de 1974, Spínola toma posse como Presidente da República, demitindo-se poucos meses depois devido à falta de apoio militar que teve para algumas das suas ideias, como ilegalizar o PCP, tendo depois liderado o grupo terrorista de extrema-direita Movimento Democrático de Libertação de Portugal.
Com a saída de Spínola da Presidência, Jaime Silvério Marques e Diogo Neto também abandonaram a Junta.
As condecorações de Marcelo surgem no âmbito no início das celebrações dos 50 anos da democracia em Portugal. O presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço, tinha sugerido que Costa Gomes, Rosa Coutinho e Spínola fossem homenageados, mas o chefe de Estado decidiu alargar as condecorações a todos os envolvidos.