Em plena campanha eleitoral para as presidenciais francesas, Emmanuel Macron defende-se dos ataques do primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, que o critica por negociar com Putin. Acusação que recupera a proximidade entre Macron e Putin que até já revelaram partilhar o mesmo sonho de “uma grande Europa de Lisboa a Vladivostok”.
Macron manteve diversas conversações com o presidente russo, Vladimir Putin, na tentativa de pôr um fim à guerra na Ucrânia. Uma situação que agora lhe vale críticas do primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki.
“Ninguém negociou com Hitler”, aponta Morawiecki, frisando que “não debatemos, não negociamos com criminosos, os criminosos devem ser combatidos”.
O primeiro-ministro da Polónia também questiona Macron sobre se “negociaria com Hitler, com Estaline, com Pol Pot”, acusando-o, entre outros líderes europeus, de “procrastinação” e falta de clareza quanto à Rússia.
“São necessárias sanções claras e determinadas. Essas sanções não funcionam”, aponta ainda Morawiecki.
Macron defende-se, considerando que são acusações “infundadas” e “escandalosas”, mas não surpreendentes.
O presidente de França, que se recandidata a novo mandato, recorda que Morawiecki é apoiado por um “partido de extrema-direita” que “interfere na campanha política francesa”, após ter “recebido várias vezes a madame [Marine] Le Pen”.
Macron e Le Pen são os principais adversários na corrida pela presidência de França.
Putin e Macron já concordaram na “grande Europa de Lisboa a Vladivostok”
Quando chegou ao Eliseu, em Maio de 2017, como Presidente de França, Macron tentou aproximar-se de Putin, no sentido de reaproximar a Rússia da Europa, afastando-a da China.
Na altura, o interesse de Putin era o mesmo, com a intenção de afastar a Europa dos EUA.
Esse desejo de aproximação mútua foi assumido pelos dois homens durante um encontro informal, em Agosto de 2019, no palácio do Forte de Brégançon, em plena Riviera Francesa, naquela que é a residência oficial de Verão do Presidente de França.
O encontro ocorreu à margem da 45.ª cimeira de líderes do G7 em Biarritz, na costa basca francesa. Putin não ia estar neste encontro após a expulsão da Rússia do G8 em 2014, na sequência da anexação da Crimeia.
Mas, ainda assim, Macron quis “passar a mão pelo pêlo” a Putin, fomentando essa ideia de aproximação entre Europa e Rússia. O jornal belga Le Soir reparava, na altura, que Macron queria reinventar “esta Europa que vai de Lisboa a Vladivostok”.
O conceito surgiu, pela primeira vez, num discurso de Charles de Gaulle, ex-Presidente de França, que sublinhou, em Novembro de 1959, que uma Europa “do Atlântico aos Urais” iria “decidir o destino do mundo”.
A ideia foi também partilhada pelo último líder da ex-União Soviética, Mikhail Gorbachev, e Macron e Putin recuperaram-na no Verão de 2019.
“A Rússia é europeia, muito profundamente, e nós acreditamos nesta Europa que vai de Lisboa a Vladivostok“, salientou Macron aquando do encontro com Putin, conforme citou então o Courrier International.
Putin terá recordado, ainda segundo o mesmo jornal, que “a grande Europa de Lisboa a Vladivostok” é uma ideia “de De Gaulle”. “Se parece impossível hoje, será, talvez, incontornável amanhã”, afirmou ainda o presidente russo.
Cimeira a quatro para resolver crise na Ucrânia
Na altura, também a Rádio RFE-RL revelava que “as discussões” entre Putin e Macron duraram “duas horas e meia”, tendo abordado “o conflito na Síria, a situação na Líbia, o acordo sobre o nuclear iraniano e a perspectiva de uma cimeira a quatro sobre a crise na Ucrânia“.
Essa cimeira deveria ter a presença de Rússia, Ucrânia, França e Alemanha e pretendia resolver a situação despoletada pela anexação da Crimeia, por parte da Rússia. Esse episódio foi a antecâmara da invasão à Ucrânia iniciada este ano pelos russos.
Nesse encontro na Riviera francesa, Putin e Macron revelaram “grande unidade” quanto à questão ucraniana, segundo o Financial Times. O presidente francês terá dito mesmo que a eleição de Volodymyr Zelenskyy como presidente da Ucrânia era “uma oportunidade de resolver o conflito”.
A agência russa Tass também revelou, na altura, que Putin terá conversado com Zelenskyy ao telefone por duas vezes, depois da eleição do ucraniano, e que terá mostrado abertura e um “optimismo prudente” quanto a um possível acordo de paz.
Um cenário que, afinal, não se concretizou. Por muito que Macron tenha tentado, Putin distanciou-se mais da Europa e caiu nos braços do amigo chinês. Quanto ao amanhã, é esperar para ver…
O Macron é outro calhau, como o Sarkozy e companhia…
Novidade???? De Gaulle – apesar de fascistóide – era culto, os Urais (que nada têm que ver com Vladivostok) sempre foram o limite geográfico Leste da Europa… para lá dos Urais é a Ásia! Até Putin o sabe, tanto que, a retórica Russa fala sempre em Ocidente e não em Europa!!!
Os hitlers do nosso tempo.
O Macron passa o tempo a fazer provas de vida, mas no fim ninguém o leva a sério. É apenas uma ovelha com um pouco mais pêlo que as outras, nada mais.
O comentário não foi aprovado.
Temos um grande problema com os nossos políticos europeus muito mais interessados em discutir direitos de homossexuais e lésbicas e dos direitos daqueles refugiados vindos de outras culturas tão distantes que jamais se integrarão na cultura europeia, mas que, em simultâneo, são também vítimas desses políticos por intervirem e entenderem que devem impor democracias nesses países onde o mundo é visto de outra forma. Resultado de tudo isto com tanta libertinagem e insegurança, é a opinião pública europeia começar a mudar de ideia e a França está a ser um exemplo disso mesmo!
A Merkel preferiu depender do gás do Putin do que da energia nuclear alemã… dizem que foi uma “grande líder europeia”….
Nunca percebi se ela era “masculino” ou ” feminino”….