Uma equipa da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, relacionou, pela primeira vez, a capacidade cognitiva das aves com uma resposta física ao aquecimento global.
Muitas aves migratórias norte-americanas estão a encolher de tamanho à medida que as temperaturas aquecem.
Recentemente, uma equipa de cientistas da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, descobriu que as aves com cérebros muito grandes, em relação ao seu tamanho corporal, não experimentaram uma diminuição tão acentuada quanto aquelas com cérebros mais pequenos.
“À medida que as temperaturas aquecem, as dimensões do corpo diminuem”, disse Justin Baldwin, professor de Biologia na Universidade de Washington, nos Estados Unidos. “Mas as espécies de cérebro maior estão a diminuir menos acentuadamente do que as espécies de cérebro pequeno.”
Segundo o Futurity, os investigadores analisaram informações sobre cerca de 70 mil aves que morreram quando colidiram com edifícios em Chicago, de 1978 a 2016. Depois, aumentaram este vasto conjunto de dados com novas medições de volume cerebral e informações sobre a vida útil de 49 das 52 espécies de aves migratórias norte-americanas incluídas no estudo original.
As aves com cérebros muito grandes, em relação aos seus corpos, tiveram reduções do tamanho do corpo equivalentes a apenas cerca de um terço das observadas em aves com cérebros mais pequenos.
“O tamanho relativo do cérebro correlaciona-se com o aumento da capacidade de aprendizagem, aumento da memória, maior longevidade e dinâmica populacional mais estável”, explicou Baldwin.
“Neste caso, uma espécie com um cérebro maior poderá ser capaz de reduzir a sua exposição às temperaturas, procurando, por exemplo, micro-habitats com temperaturas mais baixas”, acrescentou o autor do artigo científico, publicado recentemente na Ecology Letters.
Esta é a primeira vez que os cientistas conseguem mostrar uma ligação direta entre a cognição e as respostas fenotípicas às alterações climáticas.