Vem aí um “ciclo de subidas” dos juros — e o impacto nos créditos à habitação vai notar-se já no fim deste ano

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Stephen Jaffe / IMF / Flickr

Christine Lagarde, presidente do BCE

Christine Lagarde, presidente do BCE

Depois de vários anos no negativo, as taxas Euribor vão começar a subir. O objetivo do Banco Central Europeu é reduzir a inflação, que chegou aos 5% em Janeiro de 2022.

Desde 2015 que a taxa Euribor está em terreno negativo, mas perante os recentes avisos da presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, de que vem aí um um “ciclo de subidas”, estes aumentos vão ser notórios em quem tem um crédito à habitação já no final deste ano.

Filipe Garcia, economista e presidente da Informação de Mercados Financeiros (IMF), revela à CNN Portugal que as previsões apontam para que a Euribor a seis meses esteja nos 0,15% daqui a nove meses.

Se Christine Lagarde começou por descartar em Novembro uma subida dos juros, o seu discurso já mudou nos últimos tempos devido à subida da inflação, que em Janeiro ultrapassou os 5%.

O BCE quer que o indicador volte aos 2% de referência, e para isso vai subir os juros para provocar uma redução na procura dos créditos e um aumento na procura dos depósitos, o que leva a uma menor liquidez na economia.

“O que a mim me assusta um pouco é termos estado muitos anos a viver num regime de taxas de juros negativas. E isto causa nas famílias uma certa habituação a juros desta natureza. E se isso inverter de alguma forma, pode influenciar o rendimento disponível”, alerta o presidente da IMF.

A subida da inflação deve-se, sobretudo, aos preços da energia, pelo que o especialista tem dúvidas sobre se a estratégia do BCE vai resultar. “O objetivo dos bancos centrais é fazer baixar a inflação. Então sobem os juros e retiram liquidez dos mercados. Tenho algumas dúvidas que isto possa ter sucesso desta maneira”, refere, já que os outros fatores que influenciam a inflação não estão a ser corrigidos.

A tendência de subida já se está a notar. Nos últimos dados, a Euribor a seis meses estava nos -0,473%, quando há um ano estava nos 0,528%. Já a 12 meses, se há um ano o valor era -0,511%, agora é de -0,346%.

O impacto que a subida dos juros vai ter nos bolsos das famílias anda não é certo, mas por exemplo, no caso de uma família com uma dívida atual de 100 mil euros, uma subida de 0,5 pontos percentuais significaria mais 500 euros anuais, ou seja, mais 42 euros desembolsados por mês.

A DECO/Dinheiro&Direitos avança ainda que se a Euribor passar de -0,5% para 1%, as famílias pagariam mais 61 milhões de euros por ano. Um cliente com um crédito de 150 mil euros a 30 anos indexado à Euribor a seis meses e com um ‘spread’ de 1% pagava 445,83 euros mensais em Janeiro, mas pagará 514,45 euros com uma subida de um ponto na taxa.

Mesmo com as subidas dos juros que se adivinham, a procura por créditos à habitação continua em níveis recorde. Vai haver uma outra mudança este ano que pode dificultar a compra de casa, com o supervisor a reforçar as recomendações para que a maturidade dos contratos não ultrapasse os 30 anos, para que as famílias não continuem com a obrigação na reforma, quando os rendimentos tendem a descer.

ZAP //

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6 Comments

  1. É mesmo uma verdadeira festa para alguns. Para outros (alguns milhões), é um grande problema. Como se brinca tanto com as famílias!

  2. O Banco de Portugal dificulta o acesso ao crédito, ao reduzir o prazo dos empréstimos (- menos = + prestação).
    Estes aumentam as taxas! Vão voltar a colocar a corda ao pescoço do pessoal, até voltarem a receber chaves em cima da secretária, mas sem ninguém para comprar os imóveis de seguida! Infelizmente, estas crises são ciclos que se repetem!
    Isto em Portugal, para o jovens é o que é! O ordenado médio é o que é! Vem aí mais uma festa para quem é rico, porque o pobre, esse vai cair redondo novamente!

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