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O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson
Boris Johnson cantou parcialmente a música “I Will Survive”, de Gloria Gaynor, quando questionado se ia sobreviver à crise política que vive atualmente, depois de casos como “partygate”.
Segundo a LUSA, o primeiro-ministro britânico começou segunda-feira a trabalhar com uma nova equipa, numa tentativa de restaurar a sua autoridade, incluindo um novo diretor de comunicações que insistiu que Boris “não é assim tão palhaço”.
Guto Harri, ex-jornalista da BBC que trabalhou com o primeiro-ministro quando este foi presidente da Câmara Municipal de Londres, defendeu segunda-feira numa entrevista ao site galês Golwg 360, que “ele não é assim tão palhaço, é uma personagem muito simpática”.
Quando Harri lhe perguntou se ia sobreviver à crise política que vive atualmente devido aos eventos realizados na residência oficial, em Downing Street, que terão violado as restrições da pandemia covid-19, Boris Johnson respondeu a cantar parcialmente a música “I Will Survive”, de Gloria Gaynor.
“Ninguém podia esperar isto, mas aconteceu. Rimo-nos muito e [depois] sentamo-nos para ter uma conversa séria sobre como colocar o Governo de volta nos carris”, acrescentou o ex-jornalista.
Além do novo diretor de comunicações, o antigo ministro do Brexit, Steve Barclay, passou a acumular a pasta do Conselho de Ministros com a chefia do gabinete de Boris Johnson.
Nos próximos dias esperam-se mais nomeações para substituir os assessores que se demitiram na semana passada, na sequência do “partygate” e também das declarações de Boris Johnson sobre o líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer.
O primeiro-ministro afirmou segunda-feira, durante uma visita a um hospital nos arredores de Londres para apresentar um plano para reduzir as lista de espera nos serviços de saúde, que o Governo está “focado (…) em resolver os grandes problemas que o país enfrenta“.
Boris Johnson continua sob pressão devido à investigação policial a 16 alegadas festas em Downing Street, em 2020 e 2021, durante os confinamentos em que milhões de pessoas estavam impedidas de visitar amigos e familiares.
Pelo menos 15 dos 359 deputados do Partido Conservador revelaram publicamente ter pedido uma moção de censura interna, abaixo dos 54 necessários, enquanto outros aguardam o resultado da investigação, cuja data é incerta.
Um relatório provisório publicado na semana passada criticou “falhas de liderança e discernimento” que permitiram a ocorrência de eventos que “não deveriam ter ocorrido” e o consumo excessivo de álcool em Downing Street.
Johnson pediu desculpas, sem admitir a responsabilidade pessoal, e prometeu resolver os problemas no seu gabinete.
Porém, na sexta-feira, foi abalado pela saída da assessora política, Munira Mirza, com quem trabalhou mais de 10 anos, devido à “acusação grosseira” a Keir Starmer, a quem Johnson acusou falsamente de não ter processado o pedófilo Jimmy Savile quando foi diretor do Ministério Público, entre 2008 e 2013.
Apesar de vários ministros terem defendido o chefe do Governo, alguns deputados do Partido Conservador instaram o primeiro-ministro a retirar as declarações feitas no Parlamento, tendo o ministro das Finanças, Rishi Sunak, admitido que não teria usado aquelas palavras.
Segunda-feira, a polícia foi obrigada a intervir para resgatar Keir Starmer após este ter sido rodeado por um grupo de manifestantes anti-vacinas em Londres, chamando-lhe “traidor”, proferindo outros insultos, e referências a “Jimmy Savile”.
“É realmente importante para nossa democracia e para a segurança dele que as calúnias falsas sobre Savile feitas contra ele sejam retiradas por completo”, defendeu o antigo ministro Conservador da Irlanda do Norte Julian Smith.