Pior do que as redes sociais: metaverso pode ser perigoso para as crianças

(dr) TardiVerse

Especialistas acreditam que a “moda” mais recente no mundo da realidade virtual pode ser perigosa para os mais novos.

O metaverso está aí. Uma espécie de segunda vida da Second Life, um futuro digital onde todos vivem e interagem juntos, numa realidade virtual. Até o grupo Facebook agora chama-se Meta, precisamente porque quer centrar-se no metaverso.

No entanto, como em outras inovações, são levantadas questões. E há dúvidas em relação aos eventuais efeitos negativos do metaverso nas crianças e nos adolescentes. A nova realidade virtual poderá não ser um lugar seguro para os mais novos.

A CNBC começa por lembrar as redes sociais, que criam problemas em crianças e adolescentes, como está comprovado em inquéritos. Alterações nos estados psicológicos, conteúdos impróprios (racismo, conteúdo sexual explícito…), bullying e assédio são três entraves citados.

No entanto, no metaverso esses problemas podem ser semelhantes. Ou piores.

Como em tudo, todas as novas ferramentas que surgirão com o metaverso podem ser utilizadas “para o bem ou para o mal”, disse o psicólogo Mitch Prinstein.

Um efeito negativo lógico é a solidão. Ou uma solidão ainda maior: “Já começou com os efeitos das redes sociais. O metaverso cria ainda mais solidão. E cria mais preocupações em relação à imagem corporal e em relação à exposição ao conteúdo perigoso relacionado com o suicídio“.

Esse conteúdo perigoso, acrescenta o psicólogo Albert Rizzo, pode interferir com o estado psicológico da criança ou do adolescente: “Há a forte possibilidade de estares imerso, através de um monitor, num mundo que é diferente no momento de observar e de interagir”.

“A partir do momento em que estás verdadeiramente incorporado num espaço, mesmo que esse espaço não possa ser tocado fisicamente, podes ficar exposto a coisas que assumem um nível de realismo que pode ser psicologicamente agressivo“, avisa Rizzo.

A criação de avatares digitais em três dimensões, no metaverso, pode originar outro problema: o adolescente cria uma versão dele próprio…que não existe. “Isso é bastante perigoso para os adolescentes. Na adolescência, és o que os outros pensam que és. E a ideia de poderes criar a tua identidade e de receberes reacções muito diferentes a isso pode realmente mexer com a identidade de um adolescente”, alerta Mitch Prinstein.

Mas há o outro lado: o metaverso pode ajudar muita gente. Sobretudo na saúde mental de crianças que tenham problemas de relacionamento humano, de empatia, ou com traumas psicológicos. Podem ser realizados tratamentos na realidade virtual.

No meio disto tudo, aparecem os pais. E a grande maioria não terá muita experência neste tipo de plataformas virtuais. Por isso, o controlo será complicado.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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