As barragens têm cada vez menos água e os efeitos da falta de chuva já se notam na agricultura. Há 14 albufeiras abaixo dos 40% e não está prevista chuva significativa.
De acordo com o Jornal de Notícias, as barragens têm cada vez menos água e, apesar de ainda não estar em causa o abastecimento às populações, os efeitos da falta de chuva já se notam na agricultura.
Se a situação não se inverter, a qualidade da água continuará a degradar-se e poderão surgir problemas de saúde pública.
De acordo com o Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), a 17 de janeiro havia 14 albufeiras abaixo de 40% do seu volume total.
A do Barlavento algarvio é a pior e está a apenas 14,4% da sua capacidade. Seguem-se as do Lima, Sado e Mira. O défice hídrico é pior no Sul, mas está a estender-se também ao Norte e Centro do continente.
Quanto às águas subterrâneas, os níveis observados este mês em 148 pontos de 26 massas de água subterrânea são, “na generalidade, inferiores às médias mensais“, sendo a situação mais grave no Alentejo e Algarve.
Ainda assim, “neste momento não existe qualquer risco de garantia no abastecimento público, que é prioritário”, tranquiliza a APA.
A entidade garante que está a “acompanhar a situação com os principais utilizadores, no sentido de promover um uso mais eficiente da água e de garantir a reserva de segurança para o abastecimento público, bem como a racionalização dos usos para minimizar os efeitos”.
O facto de “não ter ainda ocorrido precipitação significativa que permita repor os níveis de armazenamento após o verão” também prejudica a situação, explica a APA.
Nos próximos dias, adianta o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), o tempo irá continuar seco.
Rui Cortes, investigador na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, alerta que, se não chover em fevereiro e março, é preciso ter em atenção a “qualidade da água“, para não surgirem problemas de “saúde pública”.
A diminuição nas albufeiras e caudais dos rios leva, geralmente, a um “aumento da eutrofização” (excesso de matéria orgânica).
No Alto Douro Vinhateiro, a “poluição” que decorre da “trasfega de vinho” não pode ser ignorada. A sul, é preciso vigiar a “mortandade de peixes e acumulação de biomassa piscícola”, sublinha Cortes. Se a qualidade diminuir, os custos para tratar a água para consumo serão maiores.
Segundo Vanda Pires, do IPMA, atualmente “o Alentejo e o Algarve já têm um défice grande de água no solo”. O “Norte e o Centro, sobretudo o Nordeste transmontano, também já estão com algum défice“.