Ensaísta brasileiro chegou a ser peça importante para Jair Bolsonaro. Negava a “propaganda comunista” COVID-19 mas morreu por causa da doença.
Pensava que ninguém morreu por causa da COVID-19, criticou as medidas de contenção, era contra as vacinas. Olavo de Carvalho morreu nesta segunda-feira, oito dias depois de ter sido infectado pelo coronavírus.
Olavo de Carvalho tinha 74 anos. Era ensaísta brasileiro, ideólogo, escritor, foi jornalista e astrólogo, dizia que era filósofo – mas nunca estudou filosofia num nível superior – e era ligado à extrema-direita.
Estava internado num hospital nos Estados Unidos da América. Foi a sua família a anunciar o falecimento, sem revelar a causa da sua morte – mas na semana passada um curso online foi cancelado porque Olavo tinha sido infectado pelo coronavírus. E uma das suas filhas, Heloísa, escreveu que a morte se deveu à COVID-19.
Relação com Bolsonaro
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, já reagiu: “Hoje deixa-nos um dos maiores pensadores da história do nosso país”.
Depois de vários artigos polémicos, e de ter reunido muitos dos seus artigos num livro intitulado ‘O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota’, o ensaísta ganhou seguidores na família Bolsonaro: dois dos seus filhos.
Devido a essa influência, Jair Bolsonaro começou a falar com Olavo, os dois ficaram amigos e o influenciador entrou mesmo na estrutura do presidente, chegando a ser uma das pessoas mais influentes no Governo de Bolsonaro – foi classificado como o “guru do bolsonarismo”.
Relação com a filha
Olavo deixa oito filhos e uma delas é a já mencionada Heloisa de Carvalho. A sua primeira reacção pública à morte do pai foi: “Que Deus o perdoe por todas as maldades que cometeu”.
Que Deus perdoe ele de todas as maldades q cometeu. pic.twitter.com/TAGsaJbV9O
— Heloisa de Carvalho Martin Arribas (@Carvalho_A_Helo) January 25, 2022
A filha mais velha do ensaísta até tinha uma boa relação com o pai mas, a partir de 2017, nunca mais se falaram – e a filha começou a publicar factos sobre as mentiras do seu pai. Colaborou num livro intitulado ‘Meu Pai, o Guru do Presidente’.
Foi para a escola já quando era adolescente porque o pai achava que não era preciso a sua filha estudar.
Apoiante do Partido dos Trabalhadores (Bolsonaro é do Partido Liberal) há mais de 30 anos, tornou-se militante do PT no ano passado e, em breve, será candidata a deputada estadual.
Sempre foi contra as frases polémicas do seu pai. Olavo publicou ideias como “o suposto vírus mortífero não passa de historinha de terror para acovardar a população e fazê-la aceitar a escravidão como um presente de Pai Natal”.
E deixou a teoria de que o coronavírus – que chamou “mocoronga” – nunca causou um falecimento: “Dúvida cruel. O Vírus Mocoronga mata mesmo as pessoas ou só as ajuda a entrar nas estatísticas?“.
Além disso, alegava que a pandemia é uma “propaganda comunista” também era contra as restrições aplicadas no Brasil: “Os conselhos de saúde matam mais do que o coronavírus”.
Coronavírus diz que Olavo de Carvalho não existe pic.twitter.com/a11MvDDKPt
— Sensacionalista (@sensacionalista) January 25, 2022
Um troglodita que se foi. A sua morte comprova o quanto estava errado. Podemos falar de um seu seguidor, Bolsonaro, com o mesmo desprezo.