Com falta de pessoal, talibãs estão a oferecer empregos no Governo

Stringer / EPA

Com falta de pessoal no Governo, os talibãs estão a recrutar ex-combatentes que fugiram para o Paquistão — muitos deles sem as qualificações necessárias.

Passaram cerca de cinco meses desde que os talibãs assumiram o controlo do Afeganistão. Agora, o grupo de combatentes enfrenta um novo desafio: a falta de pessoal para assumir cargos no Governo.

A solução tem sido oferecer empregos a ex-combatentes e exilados que vivem Paquistão. Mas, como escreve o The New York Times, nem todos têm as habilidades técnicas necessárias para o trabalho.

É este o caso de Khyal Mohammad Ghayoor, que há 20 anos fugiu para o Paquistão quando as tropas norte-americanos chegaram a solo afegão. Ghayoor foi recentemente contactado pelos talibãs para assumir a liderança da polícia de trânsito de Cabul.

Uma oferta inesperado para um homem que, embora tenha trabalhado no Ministério da Defesa, no primeiro governo talibã, passou as duas últimas décadas como padeiro, no Paquistão.

Os líderes talibãs prometeram manter os funcionários públicos e zelar pela diversidade étnica para os principais cargos do Governo, mas isto não é o que tem acontecido. Em vez disso, ocuparam esses cargos com soldados e teólogos.

Os outros funcionários fugiram ou recusaram trabalhar para o Governo talibã, deixando lugares por ocupar no poder.

É por isso que os talibãs se têm virado para o Paquistão, que durante muitos anos tem sido um porto seguro para talibãs fugidos do Afeganistão. O Governo está a contactar muitos deles particularmente, oferecendo-lhes cargos de topo.

Embora não se saiba em concreto quantos talibãs exilados no Paquistão regressaram para ingressar no Governo talibã, sabe-se que o caso de Khyal Mohammad Ghayoor não é único.

O país atravessa agora uma fase de extrema precariedade. Os milhões de dólares em apoios que ajudaram a sustentar o Governo anterior desapareceram, mil milhões em ativos estatais estão congelados e as sanções levaram a um quase colapso do sistema bancário do país, escreve o jornal norte-americano.

“O Afeganistão precisa da experiência do seu pessoal qualificado”, diz o porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahid. “Eles não devem ser levados para outros países”.

Daniel Costa, ZAP //

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