Os fãs desta prática atribuem o seu sucesso ao maior contacto com a Natureza, o que facilita a ligação aos eletrões provenientes do interior da Terra.
Ao longo das últimas semanas, e até meses, são recorrentes as publicações nas redes sociais Instagram e Tik Tok que mostram influencers a caminhar descalços sobre várias superfícies, de preferência, num ambiente em que a Natureza impere.
O objetivo? Tentar “reconectar eletricamente” com a Terra, sem que o calçado constitua uma barreira, muitas vezes repleta de substâncias danosas – dizem eles.
A premissa dos crentes na prática, e no seu poder, é o facto de os seres humanos estarem há muito desligados do vasto fornecimento de eletrões proveniente da terra, de forma semelhante a um circuito eletrónico.
Como tal, o contacto da pele com o chão deverá ter a capacidade de reestabelecer o ser humano e, supostamente, melhorar desde o sistema imunitário à saúde mental.
Ainda assim, e como nota o site IFL Science, o grounding, ou earthing, pode assumir diferentes formas, nomeadamente com o contacto com água — técnica usada em algumas terapias.
Apesar de ser uma tendência recente nas redes sociais, a técnica já é conhecia há anos. De facto, há mesmo trabalho científico desenvolvido sobre o assunto, apesar de carecer de dados fiáveis.
Existem poucos estudos que permitam apontar com clareza — e até certeza — os possíveis benefícios resultantes da técnica em áreas como as inflamações, a saúde cardiovascular ou mental, sendo que os existentes baseiam em dados reportados pelos próprios participantes e têm amostras demasiado pequenas.
Por exemplo, um estudo de 2015 sugere que o grounding pode reduzir a dor e alterar a contagem dos glóbulos brancos circulantes.
Aponta ainda que esta alteração pode ser atribuída à captação de eletrões do solo, no entanto, o mecanismo nunca foi identificado, pelo que os pares pedem que seja feita mais investigação, com mais evidências científicas.
Por isso, e segundo a mesma fonte, há de facto pesquisas científicas — ainda que extremamente limitadas — que indicam que o grounding pode funcionar em algumas situações, tendo impacto em alguns indicadores usados para monitorizar o estado da saúde.
As dúvidas prendem-se, ainda assim, na parte atribuída aos eletrões – podendo estar em causa um efeito placebo, por exemplo.
Até que surjam mais exigências científicas sobre o efetivo sucesso do grounding e do papel dos eletrões no processo, o mais provável é que os seus admiradores continuem a partilhar imagens nas redes sociais dos seus momentos de reconexão, muitos deles descalços — se bem que até aqui a ciência diverge na possibilidade de caminhar sem sapatos também configure uma vantagem para o ser humano.
Há anos que todos os dias vou andar à beira-mar na praia de Carcavelos.
É uma pena os influencers não fazerem grounding total. Acima do pescoço.
Completamente!…