Equipa é composta por estudantes de medicina de universidades holandesas, que são responsáveis por transmitir informação médica fidedigna para que os cidadãos possam tomar as suas decisões com base em evidência científica.
Enquanto um dos países com a população mais resistente à toma da vacina contra a covid-19 — mas também contra a adoção de medidas para prevenir o contágio do novo coronavírus —, os Países Baixos têm vindo a recorrer a estratégias alternativas para convencer os seus residentes a protegerem-se, sobretudo por via da vacinação. Uma das técnicas mais recentes é protagonizada por estudantes de medicina do país, que se voluntariaram para, telefonicamente, responder a dúvidas dos que estão indecisos sobre se devem inocular-se ou não.
Inicialmente, a ideia foi aplicada a nível local por Robin Peeters, um endocrinologista no centro médico Erasmus, e Shakib Sana, médica de família, mas no último mês foi lhe atribuída um número nacional, tendo sido, desde então, inundada com inquéritos. De facto, o seu fundador descreve que a linha, cujos serviços estão sediados em salas de universidades como Utrecht, Amesterdão Nijmegen, Maastricht e Roterdão, tem tido uma resposta extraordinária.
Em declarações à estação pública de televisão NOS, Peeters explicou que, de acordo com o feedback que lhe havia sido transmitido, há mais pessoas com dúvidas do que anti-vacinas entre os não vacinados. “Quanto mais conseguirmos ajudar as pessoas a tomar uma decisão e limitar as admissões nos hospitais, melhor”, sublinhou.
De acordo com o médico, as chamadas que chegam à linha — disponível entre as 08h30 e as 16h30 — podem ir parar a três categoriais principais. A primeira diz respeito às dúvidas motivadas por situações de saúde pessoais, isto é, se as vacinas poderão agravar enxaquecas ou interferir com a medicação que está a ser tomada, por exemplo.
Há também questões relativas ao impacto da vacina nas gravidezes e na fertilidade, mas também sobre os seus efeitos secundários das doses. Para muitas destas questões específicas — e até particulares —, não havia respostas oficiais, nem no site do Governo, nota Robin Peeters.
“A força que um telefonema de uma linha de apoio tem é que as pessoas podem ligar anonimamente e questionar diretamente profissionais de saúde independentes”, explica o responsável e ideólogo. “As pessoas conseguem informação através de diferentes tipos de fontes não fidedignas, por isso há esta necessidade para aconselhamento independente.”
Antes do Natal, a linha recebeu 4400 chamadas ao longo de cinco dias, de acordo com dados divulgados pela comunicação social do país. No que concerne aos procedimentos seguidos pelos atendedores, os estudantes de medicina registam todas as questões que recebem e têm acesso a uma base de dados onde constam as respostas referenciadas para as dúvidas mais recorrentes.
Sempre que têm dúvidas relativamente a que conselho transmitir, consultam especialistas, tais como imunologistas ou ginecologista, para informação mais específica. “O objetivo é dar a todas as pessoas a resposta mais correta e apropriada“, explica Peeters, citado pelo The Guardian.
Apesar deste cenário positivo, também existem contactos de indivíduos com posições claras anti-vacinas, para os quais estudantes estão treinados para serem o mais breves possíveis, respondendo apenas a questões médicas. Caso não seja este o caso, têm ordens para passar ao telefonema seguinte. O seu trabalho, destaca o responsável, não é convencer as pessoas a vacinar-se, mas sim dar toda a informação necessária para que um debate e uma escolha informada sejam possíveis.