Astronautas canibais? Especialistas acreditam que humanos podem comer-se nas colónias espaciais

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As falhas na agricultura e na auto-sustentabilidade das colónias pode levar a que os humanos que vivam no espaço comecem a recorrer ao canibalismo para sobreviverem.

Muitos cientistas dedicam-se ao estudo da possibilidade de, no futuro, os humanos virem a criar colónias fora da Terra. Mas há dois especialistas que ponderaram uma possibilidade sinistra — será que os habitantes das colónias cósmicas se tornariam canibais caso ficassem sem comida?

De acordo com Charles Cockell e Cameron Smith, sim. Callisto, lua de Júpiter ou Titan, lua de Saturno, são apontadas como destinos possíveis para as nossas futuras colónias cósmicas, mas antes de avançarmos nos nossos foguetões, temos de testar a habitabilidade da Lua e de Marte, para onde seria mais fácil enviar alimentos, caso sejam necessários, avisam os especialistas.

Escassez de comida, doenças e o perigo de não se conseguir alcançar a auto-suficiência são grandes ameaças em quaisquer colónias longínquas, já que a ajuda demoraria anos a chegar, escreve o Metro.

O professor de astrobiologia da Universidade de Edimburgo, Charles Cockell, acredita que a possibilidade de que a crise climática torne o nosso planeta inabitável seria uma razão “catastroficamente má” para se criar uma colónia.

Em vez disso, devemos espalhar a nossa espécie pela galáxia como um seguro contra a extinção, defende Cockell, que brinca que o único problema para os dinossauros foi não terem um programa espacial.

“Os sistemas têm de ser confiáveis e é por isso que têm de ser testados primeiro”, defende, lembrando a expedição de John Franklin de 1845, que tinha “a tecnologia mais sofisticada da altura”, como comida enlatada, mas que recorreram na mesma ao canibalismo depois de se perderem. “Mesmo com a melhor tecnologia, comunidades humanas isoladas podem degenerar muito rápido“, alerta.

Já Cameron Smith, que se dedica ao estudo de ideias que tornem tecnologicamente possível uma saída da Terra, também defende que Marte e a Lua sejam usados para um teste inicial, antes de nos aventurarmos em viagens para Cerenes ou para o cinto de asteróides. Smith também sugere que se estabeleça um sistema agrícola confiável e que se armazene muita comida.

As doenças são também um dos principais problemas apontados pelos antropólogos da Universidade estadual de Portland, que devem afectar as duas primeiras gerações. O especialista propõe a divisão de colónias independentes que podem entrar em quarentena, se necessário.

Como funcionaria a economia nestas colónias? O perito acredita que devem ser baseadas no comércio e longe do sistema capitalista que temos na Terra, apontando antes para comunidades “quase medievais” e baseadas na agricultura, sendo “auto-sustentadas” e com “contacto mínimo” com outras vilas.

“Não tinham reis, não tinham exércitos. Não é uma utopia, mas de alguma forma conseguiram, durante milhares de anos. Presumivelmente faríamos algo como isso”, prevê.

Mas caso tudo falhasse, os colonizadores recorriam ao canibalismo? Smith tem menos certezas disso e dá como exemplo quando uma equipa de futebol uruguaia ficou perdida depois de comida após um acidente de avião. Os sobreviventes recorreram ao canibalismo, mas comendo só quem já tinha morrido.

No entanto, o perito é menos optimista sobre quanto tempo falta até os humanos poderem sobreviver no espaço que Cockell — que acredita que dentro de 30 ou 40 anos já podemos criar uma colónia em Marte e que 100 anos depois disso, Callisto já poderá acolher vida humana.

Já Smith antecipa que a data é difícil de prever e acredita que qualquer tentativa só deverá acontecer no final do século e que ainda devem faltar 60 anos para que se crie uma colónia auto-sustentável.

Adriana Peixoto, ZAP //

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