A Terra está constantemente a dar e a receber materiais devido ao sistema solar circundante. E por isso a dúvida é: A Terra está a expandir ou a encolher?
A Terra está constantemente a dar matéria para o espaço, mas também a receber novo material. Exemplos disso são os gases da atmosfera da Terra que facilmente se escapam para o espaço, e a poeira que viaja pelo cosmos, que bombardeia regularmente o nosso planeta sob a forma de estrelas cadentes.
Sendo assim a Terra está a expandir-se ou a encolher?
Guillaume Gronoff, investigador do Langley Research Center da Nasa, na Vírgínia, que estuda a fuga de gases para a atmosfera, afirmou à Live Science, que devido a ofertas de gás da Terra para o espaço, “o nosso planeta, ou, para ser específico, a atmosfera, está a encolher“. Contudo, não estamos a encolher por muito.
Segundo explica Gronoff, quando um planeta se forma, começa outro processo, a fuga atmosférica. Funciona de forma semelhante à evaporação, mas numa escala diferente. Na atmosfera, oxigénio, hidrogénio e átomos de hélio absorvem energia suficiente do sol para escapar à atmosfera, acrescenta o investigador.
Mas a Terra não está apenas a encolher. Também está a “engordar”.
Os planetas são formados pela acreção, que acontece quando pó do espaço colide e se acumula numa massa cada vez maior.
Depois de a Terra se ter formado, há cerca de 4,5 mil milhões de anos, uma pequena quantidade de acreção continuou a acontecer, sob a forma de meteoritos, que contribuem para o aumento da massa da Terra, acrescenta Gronoff.
Como é que estes processos afetam a massa global da Terra? Os cientistas apenas conseguem prever.
“É difícil medir a massa da Terra em tempo real”, explica Gronoff à Live Science. “Não temos o peso da Terra com a precisão necessária para ver se está a ganhar ou a perder”.
Mas, observando a taxa de colisão meteoros com a Terra, os cientistas estimam que anualmente cerca de 16.500 toneladas, cerca de uma torre Eiffel e meia, têm impacto na massa do planeta, aumentando-a, diz Guillaume Gronoff.
Os cientistas usaram dados de satélite e estimaram também a taxa de fuga atmosférica. “É algo como 82.700 toneladas, 7,5 Torres Eiffel“, revela Gronoff.
Isto significa que a Terra está a perder cerca de 66 mil toneladas de massa por ano. Embora pareça muito, no que toca a todo planeta, “é muito, muito, muito pequeno”.
A massa da Terra é de 5,97×1024 toneladas, ou seja, 6 mil triliões de toneladas. Assim, as 66 mil toneladas perdidas por ano são cerca de 1,1×10-21% — algo como 0,00000000000000000000011% da massa total do planeta.
Gronoff usou estimativas de fuga atmosférica do planeta dos últimos 100 anos e calculou que, à atual taxa de 60.000 toneladas de atmosfera perdida por ano, a Terra levaria 5 mil milhões de anos para perder a sua atmosfera, se o planeta não tivesse forma de a reabastecer.
Mas também o oceano e outros processos, como erupções vulcânicas, ajudam a repor a atmosfera da Terra. Assim, levaria mais de 3.000 vezes esse tempo — cerca de 15,4 biliões de anos — antes de a Terra perder a sua atmosfera, isto é cerca de 100 vezes a vida no universo.
Mas muito antes que isso aconteça, a Terra será provavelmente inabitável, de qualquer forma, devido à evolução do Sol, que se prevê que se torne num gigante vermelho dentro de cerca de 5 mil milhões de anos, afirma Gronoff. “Portanto, a fuga da atmosfera não é um problema, a muito longo prazo” acrescenta.
Assim, embora todos possamos aplaudir a Terra por ser um bom filantropo, dando gentilmente os seus gases atmosféricos ao espaço, podemos também ter a certeza de que a diminuição do seu tamanho não está a pôr em perigo a vida na Terra.