Desde o início da Guerra Fria, mais de 50 armas nucleares desapareceram (e uma esteve muito perto de detonar)

US Air Force

Arma nuclear encontrada numa árvore na Carolina do Norte

Muitas armas que se perderam no período da Guerra Fria nunca mais foram recuperadas. Em 1961, uma arma que caiu num campo pantanoso na Carolina do Norte quase explodiu.

A Guerra Fria foi um período de muita tensão em grande parte devido à recente criação das armas nucleares. Com a União Soviética e os Estados Unidos numa competição constante para aumentarem o arsenal nuclear.

Como seria de esperar, a grande maioria destas armas foram sujeitas a grandes restrições de segurança — mas há algumas que desapareceram e que nunca mais foram encontradas, sendo ainda um grande risco nos dias de hoje.

Conhecido como “Broken Arrow“, os eventos em que há um lançamento acidental, roubo ou perda de armas nucleares são mais comuns do que se pensa, aponta o Interesting Engineering.

Desde 1950, já houve cerca de 32 incidentes destes e segundo o especialista em armamento nuclear Otfried Nassauer, cerca de 50 armas desapareceram durante a Guerra Fria.

Um dos casos mais notórios está perdido na costa da província de British Columbia, no Canadá. A 13 de Fevereiro de 1950, um B-36 que carregava uma bomba atómica Mark IV comparável com a de Nagasaki estava a caminho da base aérea de Carswell numa missão de treinos. Apesar disso, a bomba não era tecnicamente viável por não ter o núcleo de plutónio preciso para causar uma explosão atómica.

Pouco depois da descolagem, começou a acumular-se gelo na fuselagem, o que colocou mais peso e pressão sobre os motores. Três destes incendiaram-se e o avião começou rapidamente a perder altitude. Os explosivos convencionais foram detonados para destruir a bomba e os destroços foram depois descobertos na ilha de Vancouver. Três dos 17 tripulantes sobreviveram.

Mas estes acidentes não aconteceram só nas Américas. Algures no Mediterrâneo, a 10 de Março de 1956, um Boeing B-47E “Startojet” que levava duas cápsulas com material nuclear levantou voo da Florida para aterrar em Marrocos. Já perto do destino, o avião atravessou muitas nuvens e não chegou a reabastecer o combustível.

Até aos dias de hoje, nunca foram encontrados quaisquer corpos dos membros da tripulação ou vestígios do avião, mas presume-se que os destroços estejam perdidos  no Mar Mediterrâneo.

A 28 de Julho de 1957, um C-124 Americano arrancou de Delaware para a Europa com três armas nucleares a bordo. O motor avariou a meio da viagem e foi obrigado a voltar para trás. Apesar dos esforços dos pilotos, a estabilidade do avião estava comprometida e a tripulação decidiu lançar a carga ao mar para reduzir o peso.

Nenhuma das armas detonou, mas presumiu-se que o embate no fundo do mar as tenha danificado e que se tenham afundado aí. A decisão arriscada não foi em vão, com o avião e a tripulação a conseguirem aterrar em segurança em Nova Jérsia.

Menos de um ano depois, a 5 de Fevereiro de 1958, outra arma Mark XV foi perdida nas águas que banham a Tybee Island, no estado norte-americano da Geórgia, depois dos pilotos terem também que largar a carga no mar após o avião que a carregava sofrer danos durante um simulacro de uma missão de combate.

Já na década de 60, a 24 de Janeiro de 1961, duas armas termo-nucleares Mark 39 estavam num B-52 Stratofortress que sobrevoava Goldsboro, na Carolina do Norte. Durante um reabastecimento no ar que estava planeado, a equipa alertou a tripulação que o avião estava a verter combustível e abortou a operação.

As duas bombas acabaram por se separar do avião, tendo uma sido encontrada rapidamente depois de ter caído de paraquedas em segurança e ficado presa numa árvore. Mas os especialistas já não tiveram a mesma sorte com a outra, que caiu num campo pantanoso.

Foi precisa uma semana para se encontrarem destroços, com a tripulação a descobrir que seis dos sete passos da sequência de ativação tinham sido completados, estando a bomba muito perto de detonar. Caso tivesse explodido, podia ter colocado milhões de vidas em risco em cidades como Washington, Baltimore, Filadélfia e Nova Iorque.

Houve também vários casos de submarinos nucleares que desapareceram como um SSN-589 USS Scorpion norte-americano a que se perdeu o rasto no final da década de 60. Já a União Soviética também perdeu um submarino K-129 em 1968, um K-8 em 1970 e um K-278 em 1989.

Adriana Peixoto, ZAP //

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