A compra e venda de terrenos no metaverso é cada vez mais comum e pode chegar a valores astronómicos. Mas um investimento de milhões pode desaparecer num estalar de dedos.
Metaverso é o casamento perfeito entre Realidade Virtual, Realidade Aumentada e Internet. É a terminologia utilizada para indicar um tipo de mundo virtual que tenta replicar a realidade através de dispositivos digitais.
A primeira referência ao termo remonta a 1992, na obra “Nevasca” de Neal Stephenson, mas o termo ganhou notoriedade mais recentemente. Focado na construção do metaverso e acreditando no seu potencial, em outubro, Mark Zuckerberg anunciou que o grupo Facebook ia passar a chamar-se Meta.
Amostras do metaverso já existem em jogos online como Fortnite, Minecraft e Roblox. Estes e outros mais parecem decididos em continuar a apostar nesta tecnologia. Para ter uma ideia das dimensões que este “bicho” já atingiu, o Roblox foi recentemente avaliado em 38 mil milhões de dólares.
Este ano, estes mundos virtuais até já receberam concertos de grandes artistas como Lil Nas X e Zara Larsson, no Roblox, e Travis Scott no Fortnite.
“Acho que esta mudança para o metaverso é muito geracional”, disse o diretor de negócios da Roblox, Craig Donato, em entrevista à CNBC. “Crianças que cresceram em jogos interativos percebem intuitivamente estas coisas”.
Mas é importante perceber que o metaverso não é um espaço (só) para crianças. Zuckerberg já está a pensar no futuro do trabalho dentro do metaverso, enquanto a Microsoft planeia levar as reuniões de trabalho até ele com um produto chamado Mesh.
“The Sandbox” é um metaverso descentralizado baseado na tecnologia blockchain. Em novembro, esteve nas bocas do mundo após um pedaço virtual de terreno ter sido vendido por 4,3 milhões de dólares, embora este metaverso ainda não tenha sido totalmente lançado.
Outro utilizador comprou uma pedaço de terreno perto da mansão virtual de Snoop Dogg, onde o rapper norte-americano deverá atuar. O terreno custou nada menos do que 450 mil dólares.
À Business Insider, Sebastien Borget, cofundador de The Sandbox, acredita que negócios com grandes marcas são “essenciais para criar uma economia vibrante no metaverso e atrair utilizadores”. Museus e galerias de arte podem estar longe, mas até agora Smurfs, Care Bears e The Walking Dead já estão a bordo.
A criptomoeda oficial do jogo, a “Sand” valorizou mais de 9.000% no ano passado. Futuramente, as pessoas poderão construir e vender itens, jogar para ganhar tokens, negociar propriedades e muito mais.
Há até já um site para compra e venda de propriedades, a Metaverse Property — uma espécie de agência imobiliária do metaverso.
Decentraland é outro metaverso, onde a compra e venda de propriedade remonta ao longínquo 2017. Na altura, a sua criptomoeda MANA valia poucos cêntimos, mas agora alguns dos terrenos de Decentraland já valem milhares de dólares.
Por exemplo, segundo o portal The Motley Fool, o lote #115792089237316195423570985008687907819241747973546717693120123264736308494287 foi vendido, em 2017, pelo equivalente a 112 dólares em MANA. O mesmo lote, a 16 de dezembro de 2021, foi vendido por 13.703 dólares.
Ainda assim, nem tudo é um mar de rosas.
O risco com o imobiliário do metaverso é considerável. O pior pesadelo é se uma plataforma desaparece: o seu investimento simplesmente desaparece com ela.
“Vender terreno virtual por milhões de euros?”
Olha! De repente pensei que fossem falar do estado atual do mercado imobiliário português.