Estrela parecida com o Sol criou um enorme fogo de artifício cósmico. Que aconteceria à Terra?

Apesar de serem raros no Sol actual, estas violentas tempestades eram mais comuns no início do Sistema Solar e podem ter moldado a atmosfera dos planetas, incluindo a Terra e Marte.

Chama-se ejeção de massa coronal, mas mais parece um espetáculo de fogo de artifício cósmico. Uma estrela semelhante ao nosso Sol chamada EK Draconis, que está localizada a dezenas de anos-luz da Terra sofreu uma tempestade solar e uma enorme explosão de energia que nos pode servir de aviso.

Foram estes os resultados de uma investigação da Universidade do Colorado que foi publicada este mês na Nature Astronomy, que analisou este fenómeno que chegou a uma escala muito maior do que alguma vez se registou no Sistema Solar.

Segundo o astrofísico Yuta Notsu, um dos autores do estudo, o Sol emite erupções semelhantes regularmente, compostas por nuvens de partículas extremamente quentes ou de plasma, que são arremessadas pelo espaço a milhões de quilómetros por hora, escreve o Science Daily.

Caso esta tempestade atingisse a Terra de frente, poderia avariar os satélites em órbita e desligar a rede energética em cidades inteiras. “As ejeções de massa coronal podem ter um impacto sério na Terra e na sociedade humana”, refere Notsu.

O estudo baseou-se em telescópios no solo e no espaço que observaram a EK Draconis, que é como uma versão 4.5 mil milhões de anos mais jovem do Sol.

Em Abril de 2020, a equipa viu a estrela a ejetar uma nuvem de plasma com uma massa de triliões de quilos – mais de 10 vezes maior do que a maior ejeção de massa coronal alguma vez registada numa estrela semelhante ao Sol e a mover-se a uma velocidade de cerca de um milhão de milhas por hora.

“Este tipo de ejeção em grande massa poderia, teoricamente, também acontecer no nosso Sol. Esta observação pode ajudar-nos a entender como eventos similares podem ter afetado a Terra e até Marte durante milhares de milhões de anos“, reforça Notsu.

No entanto, outros estudos recentes já sugeriram que estes eventos no Sol são relativamente mais calmos. Em 2019, Notsu também participou numa pesquisa que mostrou que estrelas parecidas com o Sol na nossa galáxia também têm explosões frequentes, mas centenas de vezes mais poderosas.

“Os superflares são muito maiores do que os que vemos no Sol, por isso suspeitamos que podem produzir ejeções de massa muito maiores. Mas, até agora, isso era só uma conjetura”, revela Notsu.

Apesar da sua raridade no nosso Sol, estes fenómenos extremos eram mais comuns no início do Sistema Solar e podem ter ajudado a transformar os planetas. A actual fina atmosfera de Marte, que os investigadores acreditam que já foi mais espessa no passado, pode também ter resultado da exposição a estas tempestades violentas.

ZAP //

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