O sistema gera 300 obras por dia, que passam por um sistema de pré-selecção e são depois levadas a votos numa comunidade, que escolhe quais as que vão a leilão.
Enquanto que um artista humano pode trabalhar e trabalhar sobre uma tela durante semanas, meses ou até anos, um sistema de inteligência artificial (IA) pode fazer o mesmo em meros minutos. O Botto é um desses sistemas de IA — e já fez uma fortuna a vender as suas criações.
O leilão das suas seis primeiras criações artísticas em formato NFT valeram-lhe cerca de 1.3 milhões de dólares, escreve o New Atlas. O Botto gera milhares de imagens, sendo o voto de uma comunidade humana que influencia a direcção que o sistema segue e decidir quais as peças que vão a leilão.
Um aprendiz mais rápido, mais eficaz a amalgamar vestígios das suas várias influências nos seus trabalhos e com uma memória infalível, o Botto tem algumas qualidades enquanto artista com as quais os humanos estão longe de conseguir competir.
No entanto, há uma coisa que os computadores não têm: uma opinião ou um “sexto sentido” sobre se a audiência vai gostar das suas criações. Foi para colmatar esta falha que o projecto Botto decidiu delegar esta parte do processo ao voto de pessoas, aliando o gosto humano ao talento e eficiência da IA.
Mas afinal, como é que o Botto cria as suas obras? O sistema gera um conjunto de palavras aleatórias, que alimenta à VQGAN (Rede Adversária Generativa Quantificada em Vectores), que depois as usa — juntamente com algoritmos e bases de dados com obras de arte anteriores — para gerar imagens.
O sistema cria cerca de 300 imagens por dia, que são depois filtradas por um “modelo de gosto”, que escolhe 350 imagens todas as semanas que são apresentadas aos membros da comunidade Botto, que depois votam. O vencedor semanal é leiloado como um NFT na plataforma SuperRare.
Além de ajudarem a decidir o que é vendido, os votos são usados para treinar o modelo que faz a pré-selecção e também para influenciar quais os aspectos usados para gerar as palavras que alimentam as criações da semana seguinte, para que a arte do Botto se torne mais apelativa ao longo do tempo.
Mesmo sendo programado para ter em conta o gosto da audiência, o sistema também vai desafiando a comunidade ao apresentar algumas peças diferentes e mais arrojadas todas as semanas.
Até agora, seis peças já foram leiloadas como NFTs. A SuperRare fica com uma comissão de 15% e o Botto tem o seu próprio token de criptomoeda dentro da blockchain Ethereum. Para os utilizadores poderem votar, têm de trocar Ether por tokens Botto e apostá-los para serem usados na rede do sistema.
Quando uma criação é vendida, os lucros pós-comissão são usados para comprar tokens Botto e removê-los da circulação ao os enviar para uma carteira que não pode ser acedida. Os NFTs são criados de forma a que as vendas futuras gerem um royalty de 10% de volta para o projecto.
Visto haver uma oferta limitada de tokens Botto, a esperança é de que as vendas eventualmente levem a um aumento no valor dos que sobram fora dessa carteira, de forma a que qualquer pessoa que participe consiga eventualmente fazer algum dinheiro ao vender os seus tokens.