O novo estudo ajuda a resolver o mistério com vários anos em torno do aglomerado de estrelas com formato estranho localizado no coração da Andrómeda.
Tal como a nossa própria galáxia, a Andrómeda (a mais próxima da Via Láctea) tem a forma de uma espiral gigante. Porém, a zona cheia de estrelas perto do centro dessa espiral não tem a aparência que deveria ter: as órbitas dessas estrelas têm uma forma ovalada estranha. Agora, uma equipa de cientistas pensa ter encontrado a explicação.
No novo estudo, publicado a 29 de outubro na revista científica The Astrophysical Journal Letters, os investigadores usaram simulações de computador para rastrear o que acontece quando dois buracos negros super-massivos chocam um contra o outro (a Andrómeda ter-se-á formado assim durante uma fusão semelhante há muitos milhões de anos).
“Quando as galáxias se fundem, os seus buracos negros super-massivos vão juntar-se e eventualmente tornar-se um único buraco negro. Nós queríamos saber: quais são as consequências disso?”, explicou, em comunicado, Tatsuya Akiba, autor principal do estudo e estudante de Astrofísica da Universidade do Colorado, em Boulder, Estados Unidos.
Com base nos seus cálculos, a força gerada por tal fusão poderia dobrar e puxar as órbitas das estrelas perto de um centro galáctico, criando o tal padrão alongado.
As fusões podem desempenhar um papel importante na formação dessas massas de estrelas. Como explica Akiba, quando as galáxias colidem, os buracos negros nos centros podem começar a girar em torno uns dos outros, movendo-se cada vez mais depressa até que finalmente chocam entre si. Neste processo, libertam enormes pulsos de “ondas gravitacionais”.
“Essas ondas gravitacionais vão levar o impulso para longe do buraco negro restante e haverá um recuo, como o recuo de uma arma”, explicou.
As ondas gravitacionais produzidas por este tipo de colisão desastrosa não afetam as estrelas de uma galáxia de forma direta, mas o tal recuo, uma espécie de “pontapé” gravitacional, lança o buraco negro super-massivo restante de volta através do espaço, a velocidades que podem chegar a milhões de quilómetros por hora.
“Se és um buraco negro super-massivo e começas a mover-te a milhares de quilómetros por segundo, podes realmente conseguir escapar da galáxia em que estás a viver”, exemplifica Ann-Marie Madigan, a outra autora da pesquisa.
Porém, quando os buracos negros não conseguem fazê-lo, a equipa descobriu que estes podem puxar as órbitas das estrelas à sua volta, fazendo com que essas órbitas se expandam. O resultado acaba por se parecer muito com a forma observada no centro da Andrómeda.