Pela primeira vez, uma equipa de investigadores criou um tutorial de como é que as aranhas constroem uma teia de aranha.
A complexidade geométrica das teias de aranha há muito geram interesse pela sua origem algorítmica. Os fios de seda são extremamente finos e servem para capturar insetos que ficam presos devido à sua textura pegajosa. Cientistas dizem que se o fio de seda fosse da espessura de um lápis, a teia de aranha poderia parar um avião Boeing 747 em voo.
Agora, investigadores da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, desvendaram os segredos da teia de aranha. Usando visão noturna e Inteligência Artificial, os cientistas rastrearam e registaram cada movimento das aranhas, como uma espécie de tutorial.
De acordo com o Tech Explorist, os investigadores criaram um manual de construção de teias que explica como é que as aranhas criam estruturas com tamanha complexidade geométrica.
“Definimos toda a coreografia para a construção de teias, o que nunca foi feito para qualquer arquitetura animal com esta alta qualidade de resolução”, disse Andrew Gordus, coautor do artigo científico. Para o efeito, os cientistas estudaram uma aranha da família Uloboridae nativa dos Estados Unidos.
A equipa observou as aranhas durante o trabalho noturno de construção da teia, usando câmaras infravermelhas. Também conseguiram rastrear os milhões de movimentos das pernas através de um software projetado especificamente para este estudo.
“Mesmo se gravarmos, são muitas pernas para rastrear, ao longo do tempo, em muitos indivíduos. É demasiado passar por cada frame e anotar os pontos das pernas à mão, por isso treinamos um software para detectar a postura da aranha, frame a frame, para que pudéssemos documentar tudo o que as pernas fazem para construir uma teia inteira”, explicou o autor principal do artigo Abel Cover, em comunicado.
Gordus disse ainda que “mesmo que a estrutura final seja um pouco diferente”, a metodologia que usam para construir a teia é a mesma. “Todas estão a usar as mesmas regras, o que confirma que a regras estão codificadas nos seus cérebros”, sublinhou o investigador. “Agora queremos saber como é que essas regras são codificadas ao nível dos neurónios”.
Os resultados foram publicados recentemente na revista científica Current Biology.