“O que descobri estava a colocar vidas em risco”, diz denunciante do Facebook

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C-SPAN / Wikimedia

Frances Haugen

A forma de a Facebook dar prioridade à informação tem o efeito colateral de amplificar os conteúdos mais extremos, disse esta segunda-feira Frances Haugen, ex-funcionária e denunciante da empresa, durante o evento de abertura da Web Summit em Lisboa.

“Um dos custos humanos da série de decisões que a Facebook tomou é que há muitas pessoas que têm a mesma experiência que eu, que entrei a querer trabalhar sobre a desinformação e descobri coisas que acreditava estarem a colocar vidas em risco“, disse Frances Haugen quando questionada sobre as motivações que a levaram a denunciar as alegadas más práticas da empresa.

A ex-funcionária da Facebook forneceu em setembro dezenas de milhares de documentos internos à Securities and Exchange Commission (SEC), reguladora dos mercados financeiros nos Estados Unidos, e ao “Wall Street Journal”. Adiantou que em lugares como os Estados Unidos “isso pode causar jantares de Ação de Graças arruinados“.

“Em lugares mais frágeis do mundo, que quase universalmente não têm os sistemas de segurança básicos do Facebook, os sistemas que até o próprio Mark [Zuckerberg] disse que a classificação baseada no engajamento é perigosa, as consequências são mais graves“, afirmou.

Haugen deu o exemplo da Etiópia, “onde um incidente de violência étnica está a acontecer agora e está a ser amplificado nas redes sociais”, onde há 100 milhões de pessoas, que falam seis línguas e 95 dialetos.

“Quando a base de segurança é língua por língua, essa não chega aos lugares mais frágeis do mundo“.

Haugen alega que os documentos comprovam que a empresa liderada por Mark Zuckerberg tem mentido sobre a eficácia dos seus esforços para erradicar o discurso do ódio e da violência e a desinformação na rede social.

A 6 de outubro, depois de uma audição de Haugen no Congresso, Zuckerberg disse que a ex-funcionária está a pintar uma falsa imagem da empresa.

Zuckerberg revelou em 28 de outubro que a Facebook vai mudar de nome para Meta, numa tentativa de abranger a sua visão de realidade virtual para o futuro.

Frances Haugen foi contratada pela Facebook em 2018. Entre 2019 e maio de 2021, quando deixou a empresa, foi gestora de produto no departamento de integridade cívica.

De acordo com o Público, o debate sobre o papel do Facebook na sociedade deve continuar nos próximos dias. Esta terça-feira, o responsável de assuntos globais da empresa, Nick Clegg, terá oportunidade de se defender das críticas de Haugen.

Mais tarde, Chris Cox, responsável pelos muitos produtos do grupo, falará dos planos para o metaverso. Do lado dos críticos, participa o magnata Roger Mcnamee, um dos primeiros mentores de Mark Zuckerberg que, com os anos, se tornou dos maiores críticos da empresa.

A edição de 2021 da Web Summit decorre até 4 de Novembro na FIL e na Altice Arena, em Lisboa.

ZAP // Lusa

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8 Comments

  1. “esforços para erradicar o discurso do ódio e da violência e a desinformação na rede social.”- ate ao momento só tenho visto isso sendo usando como censura politica, nos EUA já nem se pode falar contra o governo, estamos a entrar num momento negro criado pelos marxistas.

    • Nos EUA não se pode falar contra o governo?
      Quem disse? Foi o Trump?!…
      É que eu não tenho visto outra coisa mas, como sempre, tu andas a ver mal…
      Enfim… esses marxistas da América (seja lá o que isso for!) são mesmo do pior…

      • Foi o Trump??? O Trump sempre defendeu a liberdade já o Biden não se pode dizer o mesmo. Tu é que deves tar a levar a lavagem cerebral do media, ainda por cima nem sabe o que são marxistas. Simplesmente você respondeu porque sim…

        • Ah?!
          É bem verdade que com os crentes fanáticos todo o cuidado é pouco…. a crença tolda o raciocínio e depois é o que se vê!…

          A ver se à 2ª tentativa lá chegas: eu apenas perguntei se foi o Trump quem te disse que não se podia dizer nada contra o governo?
          Como ele anda sempre a fazer homilias para as ovelhas, pode muito bem ter-se saído com mais essa mentira…

          Eu tenho visto todos os dias criticas ao governo americano um pouco por todo o lado – e muitas delas com razão!
          Tu, como sempre, andas distraído…

          Na verdade não sei mesmo o que são marxistas (até porque não sou crente/religioso), mas, pelo que escreves, deve ser a seita religiosa rival da vossa!…

  2. “Haugen deu o exemplo da Etiópia, “onde um incidente de violência étnica está a acontecer agora e está a ser amplificado nas redes sociais”, onde há 100 milhões de pessoas, que falam seis línguas e 95 dialetos.”

    Mas a diversidade não é uma coisa positiva para um país?

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