Marixa Lemus Pérez é conhecida como o “El Chapo” da Guatemala. A antiga candidata em eleições autárquicas está a cumprir uma pena de 94 anos e já fugiu da prisão duas vezes.
Joaquín Archivaldo Guzmán Loera, mais conhecido por El Chapo, é um narcotraficante mexicano que liderava o Cartel de Sinaloa até ser finalmente detido e condenado a prisão perpétua em 2019. É considerado pelas autoridades como um dos mais poderosos traficantes de droga do mundo.
Na Guatemala, o barão da droga é, na realidade, uma baronesa. Marixa Lemus Pérez, mais conhecida por “La Patrona”, é dona do império criminal do país, controlando o tráfico de droga. Mas ainda antes disto, Marixa chegou a ser candidata a mayor de uma pequena cidade guatemalteca.
Em 2011, a sua irmã Mayra concorreu às eleições locais de Moyuta, mas foi assassinada por um grupo de homens armados com caçadeiras e AK-47s. A matança ficou conhecida como “massacre de Los Cuernos”. Marixa substitui a irmã no resto da corrida eleitoral, acabando por perder para Carlos Marroquin.
Quatro anos mais tarde, Marixa foi condenada a cumprir uma sentença de 94 anos por crimes violentos cometidos. Desesperada, “La Patrona” tentou fugir da prisão apenas um anos depois de estar encarcerada — sem sucesso. No ano seguinte, em 2016, voltou a tentar e, desta vez, conseguiu mesmo. Disfarçada de guarda prisional, Marixa conseguiu sair da prisão e fugir para El Salvador, onde duas semanas depois viria a ser capturada.
So after Digna, my obsession grew, and I started looking into lots of other women. In Guatemala, good fortune and some local help got me in front of Marixa Lemus Perez in a high security prison, and she told me her story too, between both tears and laughter. pic.twitter.com/jE1LnHF6lN
— Deborah Bonello (@mexicoreporter) October 26, 2021
Após cumprir quatro dos 94 anos da sua pena na prisão feminina de Santa Teresa, Marixa diz à VICE que ainda tenta conquistar a sua liberdade. “Quero reabrir o meu caso”, desabafou.
A América Central é a porta de entrada de cocaína da América Latina. O movimento constante de mercadorias legais nas fronteiras fornece a cobertura necessária para o tráfico de droga.
As alianças entre as autoridades locais e os traficantes de drogas são comuns. Às vezes, as autoridades cobram aos grupos criminosos para que se movam pela fronteira sem controlo, mas, noutros casos, a linha entre os dois grupos pode confundir-se ou desvanecer completamente.
“Sei que [Marroquín] está com medo de mim porque sou uma mulher que assumiu as rédeas e vou vingar a mim mesma e a toda a família que ele tirou de mim”, disse Marixa à VICE.
O próprio Marroquín já foi vítima de várias tentativas de homicídio — ou, pelo menos, alegadas tentativas. Marixa diz que nunca tentou matá-lo e que os atentados foram encenados pelo próprio político.