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Homem afegão está a processar os EUA. Tudo para se reunir com os filhos

Um homem afegão, que colaborou num projeto financiado pelos Estados Unidos, está a lutar para que os filhos consigam sair do Afeganistão — e processou o Secretário de Estado, Antony Blinken, por falta de ação.

Mohammad estava a participar numa conferência, na Califórnia, como parte do seu trabalho para um projeto financiado pelo governo dos Estados Unidos no Afeganistão, quando recebeu uma ameaça de morte dos talibãs. O homem afegão não podia voltar para o seu país, tendo de procurar asilo e trazer os filhos e a mulher para os EUA.

Dois anos mais tarde, Mohammad diz que lamenta ter deixado a família e que desejava nunca ter trabalhado para o governo dos Estados Unidos, tendo em conta o preço que pagou, escreve a agência AP.

Em 2020, quando Mohammad tentava obter vistos para a sua família, a esposa morreu de ataque cardíaco sob ameaça dos talibãs. O afegão, que vive na Califórnia, tem tentado desde então reunir-se com os filhos, que agora têm 9 e 11 anos, e vivem escondidos com a avó e o tio, contou.

Esta quinta-feira, o Projeto Internacional de Assistência aos Refugiados entrou com um processo num tribunal federal em São Francisco contra o Secretário de Estado Antony Blinken, alegando que a administração falhou nas suas obrigações legais ao abrigo da Lei de Proteção dos Aliados Afegãos para ajudar a família de Mohammad — apesar do seu trabalho para o governo dos EUA durante os 20 anos de guerra naquele país.

“A única coisa que quero é apenas um abraço” dos meus filhos, disse Mohammad.

Mohammad disse ter pedido repetidamente ajuda ao governo dos Estados Unidos e contou que, em agosto, contactou o Departamento de Estado, depois de a casa onde os seus filhos se escondiam ter sido baleada, ainda antes de os talibãs assumirem o controlo do país.

O homem pediu que os seus filhos fossem evacuados, uma vez que os militares norte-americanos efetuaram um dos maiores resgates aéreos da história, mas foram deixados para trás.

Mohammad, que comunica diariamente com os seus filhos através de chamadas ou mensagens, contou que o filho mais novo lhe perguntou: “Pai, eles vão matar-me?”.

A 9 de setembro, o afegão enviou outra carta ao Departamento de Estado a pedir que os seus filhos recebessem liberdade condicional humanitária, mas mais uma vez não obteve resposta.

Mohammad foi aprovado para um visto especial de imigrante em janeiro e solicitou mais dois no mês seguinte para os seus filhos, solicitando que os pedidos fossem acelerados por estarem em “perigo iminente”. Mas ainda se encontram pendentes.

O processo alega que “retirar os seus filhos do Afeganistão, onde estão em perigo diário, e reuni-los com o seu único progenitor restante é essencial para a sua sobrevivência e bem-estar”.

“O governo sabe desde meados de agosto, no mínimo, que estas crianças estão sozinhas e em sério perigo, e não tomaram qualquer medida para as proteger“, disse a advogada Alexandra Zaretsky do Projeto Internacional de Assistência aos Refugiados.

Zaretsky explicou ainda que Mohammad é um dos milhares de afegãos que trabalharam para o governo dos EUA no Afeganistão e que foram forçados a deixar para trás membros próximos da família para ficar em segurança. Muitos ainda estão a lutar para se reunirem.

Apesar de tudo, Mohammad quer que os seus filhos saibam que o seu trabalho na promoção dos direitos das mulheres no Afeganistão para um programa financiado pelo governo dos EUA valeu a pena — mesmo que muitos desses avanços possam desaparecer sob o novo governo talibã.

“Estou a dar-lhes esperança sempre que falo com eles, mas também penso: ‘Mas será isto sequer possível? Será que eles alguma vez se vão reunir comigo aqui?”, acrescentou.

ZAP //

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