O 2005 QN173 está a confundir os cientistas. É um asteróide com características de um cometa ou um cometa que se comporta como um asteróide?
O 2005 QN173 tem a órbita circular de um asteróide, mas todas as restantes características físicas são próprias de um cometa, como uma cauda que liberta poeira cósmica e outras partículas. Mas os cometas têm órbitas elípticas e não circulares.
Se está confuso com o primeiro parágrafo desta notícia, saiba que a comunidade científica se sente da mesma forma em relação a este corpo celeste.
Os cometas e os asteróides são objetos estelares completamente diferentes. Os cometas são feitos de gelo que, à medida que se aproxima do Sol, em vez de derreter, começa a sublimar. É por isso que é formada uma atmosfera poeirenta e nebulosa e as caudas.
Além disso, a viagem dos cometas é consideravelmente mais longa do que a de outras rochas: vêm normalmente do Sistema Solar exterior e mantêm órbitas longas e elípticas.
Por outro lado, os asteróides são rochosos e muito secos, razão pela qual não tendem a sofrer sublimação, como os cometas. Além disso, encontram-se, normalmente, na cintura principal de asteróides entre Marte e Júpiter, e as suas órbitas são mais semelhantes às dos planetas.
2005 QN173 é uma das raridades do nosso Universo. De acordo com uma nova investigação, noticiada pelo portal Space, situa-se no cinturão de asteróides e comporta-se como um. No entanto, em julho, astrónomos observaram o objeto a mover-se e concluíram que tinha uma longa cauda.
Uma das observações foi feita durante o periélio – ponto da órbita onde um corpo está mais perto do Sol – a 14 de maio. Segundo os astrónomos, a proximidade com a nossa estrela fez com que o 2005 QN173 entrasse em sublimação, produzindo uma nuvem de gás que entendemos como cauda.
No novo artigo científico, os especialistas defendem que o objeto pode ser considerado tanto um asteróide como um cometa, ou melhor, um asteróide do cinturão principal também reconhecido como um cometa.
O núcleo do cometoide/asterometa tem cerca de 3,2 quilómetros de largura, mas as medições de julho indicaram que a cauda tinha mais de 720 mil quilómetros de comprimento e apenas 1.400 quilómetros de largura.
Por ser tão fina, confundiu os cientistas, que desconfiam de que possa haver outro fator para explicar o rasto de poeira.
Uma das teorias avançadas é que o núcleo poderia estar a girar suficientemente rápido para fazer com que o pó escapasse da força gravitacional do núcleo. Ainda assim, são necessárias observações mais detalhadas para confirmar a velocidade de rotação do núcleo deste híbrido cometa-asteróide.
O artigo científico com as descobertas será publicado no The Astrophysical Journal. Para já, está disponível no portal arXiv.