Crise da energia obriga UE a enfrentar dependência do gás natural

greg westfall / Flickr

Instalações da Gazprom junto ao rio em Moscovo

Os países europeus estão a tentar proteger os consumidores de energia, numa região onde, desde o início do ano, os preços do gás aumentaram 250%, resultado de uma série de forças económicas, naturais e políticas. 

Na Europa, as reservas de gás foram esgotadas, havendo ainda uma redução no fornecimento de energia eólica devido às condições meteorológicas. Ao mesmo tempo, os preços do CO2 atingiram os 62 euros em setembro e a Rússia recusou-se a aumentar o fornecimento de gás. A combinação destes cenários tem levado a um aumento no preço da energia na União Europeia (UE), noticiou esta terça-feira o Guardian.

Em Espanha, o governo anunciou na semana passada medidas de emergência para limitar os preços e os lucros da energia, prometendo reduzir as faturas para os níveis de 2018. O governo espera que os consumidores se beneficiem de 2,6 mil milhões de euros, valor que iria para as empresas de energia.

Na França, o governo prometeu pagamentos únicos de 100 euros para 5,8 milhões de famílias, ajudando a pagar as faturas de energia. A Itália deve anunciar um programa de apoio de 4,5 mil milhões de euros para os consumidores nos próximos dias. Na Alemanha, o preço da energia aumentou 50%, embora alguns analistas digam que os consumidores estão protegidos, já que os fornecedores têm contratos de preço fixo de longo prazo.

Esta semana, os ministros da Energia da UE estarão reunidos na Eslovénia para discutir a escassez global de gás e a política energética da região. Antes do encontro, a Espanha apelou a medidas para que o bloco reaja imediatamente ao aumento dos preços.

Surgem também pedidos para que a UE investigue o monopólio estatal de gás da Rússia, a Gazprom, por suspeitas de manipulação de mercado. A Rússia fornece 41% do gás da UE, mas durante meses a Gazprom se recusou a aumentar o fornecimento para a região, onde os contratos são de curto prazo.

O aumento do preço da energia tem intensificado o conflito sobre a resposta da UE à emergência climática. Os legisladores já atribuíram a alta dos preços da energia ao preço do CO2, um produto da regulamentação da UE – os produtores de eletricidade e as indústrias com uso intensivo de energia são obrigados a comprar licenças de poluição.

Contudo, de acordo com o principal responsável da UE pelo acordo verde, Frans Timmermans, apenas um quinto do aumento dos preços da energia podem ser atribuídos aos preços do CO2. Na semana passada, indicou no Parlamento Europeu que os preços da energia revelam a necessidade de acelerar a mudança para a energia renovável.

Taísa Pagno //

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