Resultado de Ricciardo e Norris (P1 e P2) é o melhor da Mclaren desde 2010. Acidente de Max Verstappen e Lewis Hamilton, os grandes candidatos ao título do mundial de pilotos, foi um dos assuntos do dia e resultou numa penalização de três lugares para o piloto dos Países Baixos no próximo Grande Prémio da Rússia.
Foi um dos temas da temporada de 2021 na Fórmula 1: Daniel Ricciardo, piloto australiano que assinou no ano passado pela Mclaren e vencedor de sete grandes prémios ao longo da sua carreira, apresentava-se em baixo de forma, com os seus resultados a ficarem muito aquém do expectável e do seu próprio colega de equipa, Lando Norris, apenas na sua terceira temporada como piloto da categoria principal do automobilismo e, durante várias semanas, terceiro no mundial do pilotos.
Passou a ser uma imagem recorrente, nas entrevistas após as corridas, o australiano, o piloto mais sorridente da grelha, cabisbaixo a enfrentar os jornalistas e a tentar encontrar uma justificação para os maus resultados. Muitos chegaram a especular que o pico de forma de Ricciardo já teria passado e a avançar com a possibilidade de o contrato “multi-anual” não ser cumprido.
No final do GP da Hungria, após ter ficado fora dos pontos numa corrida que terminou com apenas 14 carros em pista, Ricciardo sentou-se no pneu direito dianteiro do seu monolugar, com uma postura introspetiva e abatida, o que poderá ter sido um momento de despedida antes da pausa de verão — muito ansiada pelo próprio, tal como revelou publicamente.
No regresso, em Spa, o aussie revelou que as férias tinham servido o propósito pretendido: descansar, tentar esquecer as corridas menos conseguidas, e tentar perceber algumas das características do MCL35M que ainda lhe escapavam. Aparentemente, foi bem sucedido. Na qualificação do Grande Prémio da Bélgica ficou em quarto, apenas atrás de Max Verstappen, George Russel e Lewis Hamilton — Lando Norris, que se preparava para uma qualificação na primeira linha da grelha, sofreu um grave acidente na Q3 e acabaria por sair de 15º. Um rasgo do génio do Ricciardo que em tempos brilhou na Red Bull?
Em Zandvoort, no Grande Prémio dos Países Baixos, num dos circuitos menos favoráveis à equipa de Woking, a Mclaren registou o segundo pior resultado da época (apenas atrás do GP da Hungria), pontuando apenas com Lando Norris e perdendo o terceiro lugar do mundial para a Ferrari.
As expectativas da equipa papaia, desde o início da época, para um histórico resultado apontavam para Monza, o templo da velocidade, onde o monolugar com unidade motriz da Mercedes, com a sua velocidade de reta se poderia superiorizar, por exemplo aos Red Bulls e ser, à partida o segundo carro mais veloz em pista — logo atrás dos próprios Mercedes.
No sábado, após a qualificação sprint — um novo formato que a Fórmula 1 introduziu este ano em Silverstone —, Ricciardo, que acabou no terceiro lugar, atrás de Valtteri Bottas (Mercedes) e Max Verstappen (Red Bull), disse ter sentido “pura raiva” ao volante do seu carro, uma raiva “positiva” que o deixava com sede de mais, Afinal de contas, o australiano iria partir do segundo lugar, face à penalização de Bottas (devido à mudança de peças da sua unidade motriz antes da qualificação). No ar ficava a ideia que um ataque ao holandês antes da primeira curva seria um cenário possível e muito realista.
Dito e feito. O mesmo Daniel Ricciardo, que chegou a Monza com “sensações especiais“, conseguiu, com um arranque fenomenal, superiorizar-se mesmo a Verstappen, assumindo o comando do Grande Prémio logo na primeira volta. Atrás de si, o primeiro classificado do campeonato lutava para se aproximar — no rádio queixava-se do ar sujo que saía do MCL35M —, uma dificuldade partilhada por Lewis Hamilton que perseguia Lando Norris, a rodar no terceiro lugar.
Apesar das sucessivas tentativas de ataque, nenhum dos candidatos ao título conseguia consumar uma ultrapassagem e tudo indicava que os primeiros lugares se iriam decidir nas paragens nas boxes — Hamilton era o único dos três com pneus duros, com a indicação da Pirelli que os médios teriam que ser descartados à volta 15. Ricciardo foi o primeiro a parar, seguindo-se Verstappen numa paragem anormalmente lenta para a Red Bull (11 segundos) que à partida comprometeria as suas chances de chegar à liderança da corrida.
No entanto, não foi este percalço a tirar ao piloto dos Países Baixos as hipóteses de chegar ao lugar mais alto do pódio. Verstappen e Lewis Hamilton, que pararia à volta 25 para se livrar dos pneus duros, envolveram-se numa disputa acérrima por posição logo após o britânico sair da linha do pitlane, a qual terminaria num choque na primeira chicana, depois de o monolugar do holandês ser projetado após calcar um corretor. O RB16B acabaria mesmo por cair em cima do W12 de Hamilton, com o halo a ter um papel preponderante para que o britânico saísse ileso do acidente.
Another hugely dramatic moment in the Verstappen/Hamilton title battle 💥😮#ItalianGP 🇮🇹 #F1 pic.twitter.com/P4J4bN6wX2
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Após a situação de bandeira amarela, que resultou em Charles Leclerc a assumir momentaneamente o primeiro lugar da corrida (antes de ir às boxes), os homens da Mclaren ocuparam os dois primeiros lugares para não mais os largarem — Norris ultrapassaria Leclerc no relançamento da corrida. A possibilidade de a equipa de Woking fazer o 1-2 foi só ameaçada, ainda que de forma remota, por Sérgio Pérez e Valtteri Bottas.
Momentous #ItalianGP 🇮🇹 @McLarenF1 pic.twitter.com/lwfwd3SDeE
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O primeiro viria a sofrer uma penalização de 5 segundos por ter ultrapassado o carro do monegasco fora de pista e não ter devolvido imediatamente a posição — uma sanção que só foi aplicada ao tempo final — e o segundo não conseguiu, em pista, ultrapassar o mexicano, acabando por conquistar o terceiro lugar na secretaria. Ainda assim, nota positiva para o finlandês que ao partir da 19.º posição e tirando partido do novo motor montado no seu carro conseguiu ultrapassar quase todo o pelotão e chegar ao pódio.
Mais atrás, os Ferraris de Carlos Sainz e Charles Leclerc nunca conseguiram efetivamente aproximar-se dos lugares cimeiros, num fim-de-semana que os homens de Maranello anteviam como o mais difícil da temporada — apesar de contarem nas bancadas com os tiffosi. A passagem por Itália ficou, de resto, marcada para a equipa do cavallino rampante pelo grave acidente que Sainz sofreu no segundo treino livre e pela indisposição de Lecrerc também no segundo treino, o que fez temer o pior para a qualificação sprint.
Quem também não sai de Monza com as melhores recordações, ao contrário do que aconteceu no ano passado, são os homens da Alpha Tauri, que após o acidente de Pierre Gasly na qualificação sprint tiveram de abortar a sua participação no Grande Prémio devido a problemas mecânicos que atingiram o monolugar do francês logo nas voltas de instalação, com Gasly, ainda assim, a arrancar (para desistir três voltas depois). Já Yuki Tsunoda nem chegou a arrancar após os semáforos se apagarem, com o seu monolugar a ser retirado da grelha de partida pouco antes início oficial.
Nota positiva para Lance Stroll, que consegue o melhor resultado pessoal da temporada; para a Alpine, que consegue colocar os dois carros em lugares pontuáveis e para George Russel, que esta semana assinou pela Mercedes e que pontua pela Williams pela terceira vez em quatro corridas consecutivas — após dois anos e meio sem o conseguir fazer.
Como ficam as classificações?
Quando Lewis Hamilton e Max Verstappen colidiram na volta 26 na primeira chicana, a única certeza que dali resultou foi que os primeiros dois lugares do mundial de pilotos não iriam sofrer alterações, com o piloto dos Países Baixos a manter a liderança que assegurou em casa, no passado fim-de-semana. Na realidade, Verstappen é mesmo, entre os dois, o ganhador da passagem por Itália, já que no sábado conquistou os dois pontos resultantes da vitória na qualificação sprint, contra os zero de Hamilton.
Valtteri Bottas sedimenta o seu terceiro lugar no mundial de pilotos, que também conquistou em Zandvoort, enquanto Lando Norris se distancia de Pérez na luta pelo quarto lugar.
The driver standings after 14 rounds #ItalianGP 🇮🇹 #F1 pic.twitter.com/l0c5i4tOVr
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No que respeita ao mundial de construtores, a Mercedes continua na liderança, em grande parte devido aos bons resultados que tem conseguido nas últimas provas com os dois carros — numa fase da época em que a RedBull tem pontuado quase em exclusivo com Verstappen face ao mau momento que Sérgio Pérez está a viver.
A Mclaren com um histórico resultado de primeiro e segundos lugares — já não acontecia desde 2010 —, ganhou vantagem contra a Ferrari, que vinha de um bom resultado nos Países Baixos, e está agora no terceiro lugar, na posição de “melhor do resto”. Com o bom desempenho dos dois pilotos, a Alpine também se superioriza à Alpha Tauri no seu fim-de-semana para esquecer.
McLaren bagged 45 points at Monza – the highest points tally at a race weekend this season 💪#ItalianGP 🇮🇹 #F1 pic.twitter.com/VL0lfmaoh1
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Já depois da corrida terminar e de ouvidos os envolvidos e analisadas as imagens, os comissários atribuíram a Verstappen uma penalização de três lugares na grelha de partida, que será cumprida na próxima corrida.
Depois de uma tripla ronda que marcou o regresso da Fórmula 1 após a pausa de verão (tendo passado por Bélgica, Países Baixos e Itália), os monolugares mais rápidos do mundo vão parar 14 dias e regressam a 24 de setembro, para o Grande Prémio da Rússia, em Sóchi.