Ao cabo de mais de três décadas, o jornalista Carlos Vaz Marques deixou a TSF com críticas ao grupo Global Media, que detém a Rádio. O radialista fala em “bullying profissional” e leva o caso a tribunal. O grupo nega as acusações.
Numa longa longa nota no seu perfil do Instagram intitulada “uma longa relação feliz com um desfecho lamentável“, o jornalista começa por expressar a “gratidão” após “quase 32 anos” na TSF.
Carlos Vaz Marques lembra que esteve em “Israel à espera do anunciado bombardeamento de Saddam com armas químicas” e “escondido em Timor sob a ameaça das milícias indonésias”, além de ter visitado “Xanana Gusmão na prisão em Jacarta” e de ter andado de “limusine em Estocolmo com José Saramago na véspera da cerimónia do Nobel”.
Também aponta que entrevistou figuras como Chico Buarque e o Dalai Lama, referindo que criou o programa “Governo Sombra” que passou da Rádio para a Televisão.
Mas, depois disso, passa à “indignação”, notando que, “ao fim de mais de três décadas de dedicação”, foi “colocado pelo Global Media Group, actual detentor da marca TSF, na situação atentatória da dignidade profissional” a que diz ter estado “sujeito nos últimos meses”.
“Uma situação que não posso continuar a aceitar; por respeito pelo legado histórico da TSF, em memória do esforço daqueles com quem ajudei a construir uma marca de referência e, acima de tudo, pela minha dignidade pessoal e profissional“, destaca.
“Vi-me durante meses sob uma situação que só posso descrever como uma forma de bullying profissional“, aponta ainda.
“Foi a própria TSF a acabar unilateralmente com o programa ‘O Livro do Dia’ e o novo director achou que depois de mais de uma década sem qualquer aumento salarial, estava na altura de me fazer aceitar um corte no vencimento para menos de metade“, explica também.
“Uma proposta inaceitável a que contrapus o regresso de ‘O Livro do Dia’ ou uma rescisão amigável, nos termos em que no ano passado outros jornalistas deixaram a empresa”, relata.
Mas “a actual direcção da TSF recusou ambas as sugestões”, frisa, acrescentando que “teria mesmo de ficar na empresa com o salário amputado” ou “voltar aos turnos de noticiários”.
“Pacientemente, durante meio ano, tentei sensibilizar a direcção de recursos humanos da empresa para o atropelo de que estava a ser vítima. Tudo em vão”, salienta.
“Fui colocado numa equipa de turno e ao longo dos últimos meses a minha actividade profissional limitou-se (nos dias em que houve alguma coisa para fazer, pois na maior parte deles em nada pude contribuir para a antena da TSF, embora sujeito a cumprir horário), a uns telefonemas de circunstância e à recolha de curtas declarações telefónicas gravadas a respeito de temas correntes, frequentemente sem qualquer relevância noticiosa”, conta também.
“Perante isto e mais um punhado de circunstâncias que constarão do processo que seguirá os trâmites legais adequados, decidi ser tempo de não aceitar mais ofensas à minha honra e dignidade profissional”, conclui o jornalista.
Global Media nega acusações do jornalista
A administração da Global Media Group já veio comentar as acusações de Carlos Vaz Marques, negando a versão do jornalista.
“O processo que seguirá para tribunal esclarecerá o comportamento de cada uma das partes neste processo”, aponta um porta-voz da empresa citado pela Visão.
Em Junho passado, os jornalistas de vários media do Grupo, incluindo TSF, Diário de Notícias (DN), Jornal de Notícias (JN) e O Jogo, tomaram uma posição contra a administração após cortes de custos nas empresas.
Nessa altura, denunciaram pressões editoriais no grupo. E as diretoras do DN e do JN demitiram-se do Conselho de Administração.
Os chineses a fazer estragos nos media em Portugal…
O JN cada vez parece mais o Correio da Manha (é mesmo “manha”) e a TSF vai pelo mesmo caminho….