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Agricultores do Neolítico podem ter oferecido manteiga, queijo ou iogurte aos deuses

(dr) George Nash

Foi encontrada gordura láctea em peças de cerâmica desenterradas no monumento Neolítico de Trellyffaint, no sudoeste do País de Gales.

O resíduo, que se acredita ter sido deixado por manteiga, queijo ou iogurte, data de cerca de 3.100 a.C. Segundo George Nash, investigador da Universidade de Coimbra, é a prova mais antiga conhecida da produção de laticínios no País de Gales.

Sempre se suspeitou que produtos à base de leite, como manteiga e iogurte, estavam a ser produzidos durante o 4.º milénio a.C. na Grã-Bretanha. Agora, com esta descoberta, tem-se a primeira prova concreta de que laticínios eram produzidos nesta altura.

“É incrivelmente raro encontrar qualquer vestígio arqueológico, como osso e cerâmica nesta parte do País de Gales por causa da acidez do solo”, começou por dizer Nash, citado pela BBC, salientando a importância e raridade desta descoberta.

“A cerâmica recuperada desta escavação provavelmente revela algo sobre a veneração da terra e o que ela poderia fornecer, daí a oferta de laticínios numa paisagem ritualizada”, acrescentou.

Este era um momento em que os laticínios, ao que parece, eram considerados canais de comunicação com os deuses dos campos.

Segundo o portal Ancient-Origins, os resíduos de gordura láctea encontrados “só poderiam ter originado de substâncias à base de leite”, disseram os investigadores, sugerindo que os agricultores neolíticos apreciavam alimentos ricos em calorias como “manteiga, queijo ou, mais provavelmente, iogurte”.

Para o investigador da Universidade de Coimbra, esta descoberta confirma a transição dos caçadores-coletores para a agricultura. Isto incluiu a criação de animais, o fabrico de cerâmica, a procura de alimentos e diferentes maneiras de enterrar e venerar os mortos.

Como as amostras de laticínios foram descobertas entre os mortos, isto sugere que os laticínios eram usados em antigos ritos de morte e provavelmente eram oferecidos aos deuses.

O monumento neolítico de Trellyffaint, tal como o Stonehenge, não era apenas um cenário para rituais e ritos, mas certas pedras no monumento serviam como cronómetros celestiais.

Daniel Costa, ZAP //

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