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24 horas depois, GP da Hungria não tem classificação fechada — mas Hamilton volta a liderar

Zsolt Szigetvary / EPA

Esteban Ocon, Sebastian Vettel, Lewis Hamilton

Na primeira curva da primeira volta do Grande Prémio da Hungria, cinco carros foram afastados da corrida depois de Valtteri Bottas ter colidido com Lando Norris e ter desencadeado um acidente que acabou por afetar quase todos os pilotos. Esteban Ocon conquistou a primeira vitória da sua carreira na Fórmula 1.

No último Grande Prémio antes da pausa de verão, os adeptos de Fórmula 1 foram presenteados com uma corrida repleta de emoção, drama, surpresa e até episódios insólitos. A chuva que começou a cair sobre o Hungaroring baralhou os planos das equipas — que no sábado jogaram as suas melhores estratégias na qualificação para garantir os melhores pneus possíveis para a partida.

Com os 20 carros de intermédios calçados, o arranque e a chegada à primeira curva foram marcados pelo caos, depois de Valtteri Bottas ter falhado o arranque e, perante as dificuldades em controlar o carro no piso molhado, acabou por embater em Lando Norris que, apesar de ter partido em sexto, conseguiu adiantar-se ao finlandês. O que se seguiu foi uma sequência de colisões que não deixou quase nenhum monolugar imune.

Quase porque Lewis Hamilton, a liderar a prova depois de partir da pole, conseguiu adiar-se o suficiente para escapar à confusão, e porque Esteban Ocon, Carlos Sainz e Sebatian Vettel conseguiram navegar pelo rio de detritos que se espalhou pela pista depois do choque em candeia. A sujidade motivou mesmo a interrupção da corrida por bandeira vermelha durante cerca de meia hora.

No recomeço, cinco carros tinham sido já afastados da corrida — o Mercedes de Bottas, o McLarren de Norris, o Red Bull de Perez, o Ferrari de Charles e o Aston Martin de  Stroll — e o asfalto secado. Foi o que perceberam todos os pilotos em pista durante a volta de formação antes do recomeço da corrida, pelo que regressaram às boxes para substituir os pneus intermédios por médios de piso seco.

Todos menos Lewis Hamilton. Na falha pouco comum na Mercedes — e protagonizando um momento inédito e insólito na história da F1 —, Lewis Hamilton foi o único piloto a parar na grelha de partida, arrancando sozinho para o recomeço da prova. Os restantes carros acabariam por o seguir a partir do pit lane. No entanto, rapidamente se percebeu que o britânico teria de seguir o exemplo dos colegas e parar, perdendo, assim, a liderança.

E foi o que aconteceu. Hamilton caiu mesmo para o fundo da classificação, o que o obrigou a navegar por todo o pelotão até chegar ao terceiro lugar — após um duelo épico com Fernando Alonso que, consciente da posição de líder do colega de equipa na Alpine, tentou segurar Hamilton o máximo de tempo que conseguiu. A defesa do espanhol durou até à volta 68, duas antes do final, o que ainda permitiu ao sete vezes campeão do mundo ultrapassar Carlos Sainz e conquistar o último lugar do pódio.

Na frente, Sebastian Vettel também tentou durante toda a prova chegar a Esteban Ocon, contudo, o francês, a rodar sempre em ar limpo, conseguiu sempre manter uma distância confortável face ao alemão, não permitindo a Vettel beneficiar da velocidade extra do DRS, e confirmar a primeira vitória da sua carreira na Fórmula 1.

24 horas depois, ainda não há classificação definitiva

Max Verstappen, que à entrada deste fim-de-semana liderava o campeonato de pilotos, acabou por ser outro dos pilotos mais prejudicados pelo acidente da primeira volta. Com danos consideráveis no carro, que nem a situação de bandeira vermelha permitiu consertar, o piloto dos países baixos focou-se em ultrapassar os carros mais lentos em pista e tentar assegurar um dos últimos lugares pontuáveis.

Nas duas últimas corridas, Verstappen viu a sua posição destacada e isolada no campeonato evaporar-se. Em Silverstone, o piloto da Red Bull não pontuou depois da grande colisão com Hamilton também na primeira volta e desta feita, no Hungaroring, os pontos somados não impedem que Lewis Hamilton o ultrapasse no topo da tabela do campeonato de pilotos na entrada para a pausa de verão.

O mesmo acontece no mundial de construtores, uma vez que a Red Bull deixou Silverstone sem pontos — depois de ter parado Sérgio Perez para que o mexicano, fora dos dez primeiros, roubasse o ponto da volta mais rápida a Hamilton — e ter amealhado poucos pontos em Budapeste.

Poucos porque mais de 24 horas após o fim da corrida ainda não há classificação fechada. É que nos minutos que se seguiu à vitória de Ocon, assistiu-se a um desfile de pilotos em direção aos escritórios dos comissários da corrida. Valtteri Bottas e Lance Stroll foram sancionados com a perda de cinco lugares, respetivamente, na grelha de partida do próximo Grande Prémio, que se realizará em Spa, na Bélgica.

Sebastian Vettel foi outro dos pilotos chamados devido ao uso indevido de um t-shirt de homenagem ao movimento LGBTI+ durante a cerimónia do hino da Hungria — no âmbito do movimento We Race as One, promovido pela F1, os pilotos estão autorizados a envergar vestuário ou fazer um gesto que remeta para uma causa, mas qualquer mostra de apoio deve terminar antes das cerimónias protocolares.

O alemão acabaria ilibado pelo gesto, no entanto, a FIA revelaria, através do seu site, que uma investigação tinha sido ordenada por não ter conseguido retirar do Aston Martin uma amostra de combustível suficientemente alta para analisar a sua composição — a autoridade que dirige a modalidade diz que o depósito continha apenas 0,3 litros, quando é necessário um litro. Durante a volta de regresso às boxes, após o final da corrida, Vettel parou o seu monolugar a meio da pista, num sinal claro de que os níveis de combustível podiam estar baixos.

Como consequência, a direção da corrida acabou por desclassificar o alemão, que perdeu o segundo lugar. A Aston Martin recorreu da decisão, o que impede a direção da corrida de apresentar classificações definitivas tanto para o campeonato de pilotos como de construtores até que uma decisão final seja tomada.

Apesar da incerteza, o regresso da Williams aos pontos é um dado adquirido. Após terem escapado ao caos inicial, Nicholas Latifi e George Russel conseguiram segurar-se nos lugares pontuáveis, com o britânico, a certa altura da prova, a exortar a equipa a retirar o seu caso de prova caso esse fosse o preço a pagar para garantir que Latifi, melhor classificado, conseguiria assegurar os pontos para a histórica equipa britânica.

Tal não foi preciso, e a Williams arrisca-se mesmo a ser uma das principais beneficiadas com a possível desclassificação de Vettel, já que cimenta a sua vantagem face à Alpha Romeo (apenas com dois pontos no mundial de construtores) e foge aos últimos lugares.

A Fórmula 1 regressa no último fim-de-semana de agosto, em Spa, na Bélgica.

ARM //

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