Arqueólogos estão a tentar resolver o mistério de uma rapariga que foi enterrada, numa caverna na Polónia, há cerca de 300 anos, com a cabeça de um pássaro na boca.
Embora o esqueleto desta rapariga tenha sido descoberto nos anos 60, na caverna Tunel Wielki, no sul da Polónia, os seus restos mortais nunca tinham sido analisados de forma detalhada.
Agora, conta o site Live Science, uma datação por radiocarbono mostra que a menina morreu há cerca de 300 anos. Na Europa, as pessoas pararam de enterrar os mortos em cavernas durante a Idade Média, o que torna esta sepultura ainda mais incomum.
“A descoberta de um enterro pós-medieval de uma criança, com pelo menos uma cabeça de pássaro na boca, na caverna Tunel Wielki, é uma descoberta excecional”, escreveram os autores do estudo publicado, a 29 de maio, na revista científica Praehistorische Zeitschrift.
Além de já ser estranho o facto de ter sido enterrada numa caverna, ainda há o detalhe esquisito de ter um pássaro dentro da boca. Segundo os investigadores, não há registo de nenhum outro caso assim nesta época no continente europeu.
Depois de ter analisado o esqueleto, a equipa, composta por cientistas da Universidade de Varsóvia e de outras instituições polacas, descobriu que a rapariga morreu quando tinha entre 10 a 12 anos.
Os seus ossos também mostraram sinais de um desenvolvimento interrompido nos últimos anos de vida, tendo sido possivelmente o resultado de uma doença metabólica.
Para tentar resolver o mistério de quem era esta jovem e o porquê de ter sido enterrada desta forma, os investigadores realizaram uma série de testes científicos e examinaram alguns registos históricos.
Os testes de ADN indicaram que seria de uma área a norte da Polónia, possivelmente nos arredores da atual Finlândia ou da Carélia, na Rússia.
Os registos históricos mostram por sua vez que, de 1655 a 1657, a área foi ocupada por um exército liderado pelo Rei Carlos X Gustavo da Suécia. O seu exército incluía muitos soldados da Finlândia e da Carélia, que costumavam viajar com as suas famílias.
“Os soldados, na sua maioria de baixa patente, eram comummente acompanhados pelas suas esposas, amantes e às vezes criadas”, escreveram os investigadores, citados pelo mesmo site.
Os registos do século XIX também indicam que as pessoas da Carélia acreditavam que alguém que morresse numa floresta tinha também de ser enterrada numa floresta, em vez de num cemitério.
“Historicamente, este costume parece estar enraizado em conceções cosmológicas de uma floresta como sendo um cemitério”, escreveram ainda.
Estas descobertas levam os cientistas a sugerir que esta rapariga poderá ter ido para aquela zona durante a guerra e que morrido na floresta onde a caverna está localizada. A equipa também nota que o Castelo de Ojców, que abrigava muitos soldados e as suas famílias, está localizado perto da caverna.
Contudo, o porquê de a menina ter sido enterrada com um pássaro na boca continua a ser um mistério.
“Entre muitas culturas, as almas das crianças também foram concebidas na forma de pequenos pássaros. No entanto, no período em questão, os pássaros nunca foram depositados em túmulos, muito menos colocados na boca do falecido”, concluíram.