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É possível cair dentro de um vulcão ativo e sobreviver

Daniel Msirikale / Wikimedia

Ol Doinyo Lengai, a “Montanha de Deus no dialeto Maasai, vulcão ativo no norte da Tanzânia

O vulcão mais estranho do mundo fica na Tanzânia e chama-se Ol Doinyo Lengai, que significa “Montanha de Deus”, na língua Maasai. Quando entra em erupção, a sua lava é tão fria que é possível cair no seu interior e sobreviver.

A lava da Montanha de Deus não ultrapassa os 510°C, uma temperatura invulgar, muito abaixo do mínimo do basalto (1.000°C), um dos tipos de rocha mais comuns no planeta. É de facto tão fria que é quase de um tom negro, visto que o calor emitido não é suficiente para a tornar avermelhada.

Em 2007, durante uma expedição, um cidadão Maasai caiu numa cratera do vulcão com este tipo de lava. Segundo o IFLScience, o cidadão conseguiu escalar até à saída, apesar de um dos seus braços e as duas pernas terem ficado gravemente queimados e ter sido hospitalizado.

A sua viscosidade também é incrivelmente estranha. Devido à falta de cadeias moleculares de sílica que forma as estruturas da lava, esta flui como água, acabando por criar espécies de rios sinuosos e desce as encostas com muita facilidade.

A maioria da lava dos vulcões flui atrás de um planalto a uma velocidade que raramente excede os 10 km/h, o que significa que não é assim tão difícil simplesmente sairmos do caminho por onde a lava flui.

Mas no caso do vulcão Ol Doinyo Lengai, a viscosidade da sua lava permite-lhe facilmente alcançar a velocidade de um humano a passo de corrida. Felizmente, o vulcão raramente entra em erupção.

O tipo de lava que sai deste vulcão chama-se carbonatito. Ao contrário da maioria das lavas, que são baseadas em sílica e oxigénio, esta contém imensos elementos alcalinos, como sódio e cálcio, bem como quantidades significativas de dióxido de carbono dissolvido.

O ponto de fusão destas cadeias moleculares é bastante mais baixo do que qualquer outro tipo de lava com base de silicato, razão pela qual entra em erupção numa temperatura mais baixa do que o normal.

Esta combinação significa que, ocasionalmente, erupções de fogo com lava negra são ejetadas pelos céus, congelando a meio do trajeto, e partindo-se em pedaços que se acabam por afastar com o vento.

Este vulcão existe desde que o continente africano se estava a dividir e a “Montanha de Deus” se ergueu para preencher o espaço da divisão. Na verdade, existem alguns locais no mundo que têm vulcões com lava igual a esta, embora um terço destes vulcões existam no rift da África Oriental.

O vulcão nem sempre teve esta lava estranha, mas para a humanidade é bom que assim seja. Segundo a revista Wired, este tipo de lava contém muitos elementos raros, que são uma componente vital dos produtos eletrónicos atuais.

Na verdade, o Ol Doinyo Lengai não é ameaçador, mesmo quando entra em erupção de forma explosiva e produz uma nuvem de cinzas. A explosão mais recente ocorreu em 2008 e não causou problemas significativos. O vulcão, com 370.000 anos, é bastante útil para estudos de vulcanologia e arqueologia.

Muitos humanos ancestrais, e até mesmo alguns dos nossos antepassados evolucionários, há muito que passam por este vulcão. Sempre que entra em erupção explosiva, as cinzas que se espalham pela paisagem são pisadas pelos hominídeos que caminham sobre ela — e as suas pegadas são, frequentemente, preservadas por toda a eternidade.

Tifany Santos, ZAP //

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