Arizona vai executar presos com o mesmo gás usado em Auschwitz

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Há documentos que mostram que o Estado do Arizona, nos EUA, está a planear o uso de cianeto de hidrogénio na execução de presos condenados à pena de morte. É o mesmo gás que os Nazis usaram nos campos de concentração, nomeadamente em Auschwitz, onde mataram milhares de pessoas.

O jornal britânico The Guardian teve acesso a documentos que provam que o Departamento Prisional do Arizona gastou mais de 2 mil dólares (cerca de 1600 euros) na aquisição de ingredientes para fazer cianeto de hidrogénio.

Durante o regime nazi, o gás, também conhecido pelo nome de Zyklon B, foi usado para matar cerca de um milhão de pessoas nos campos de concentração.

Em Dezembro passado, o Arizona terá adquirido “um tijolo sólido de cianeto de potássio” por 1.530 dólares (cerca de 1250 euros), de acordo com o diário. Mas também comprou hidróxido de sódio e ácido sulfúrico que são utilizados para fabricar o gás letal, segundo a mesma publicação.

Além disso, o Departamento Prisional terá também recuperado a câmara de gás desactivada pelo Estado há 22 anos. Em Agosto passado, já terão sido feitos “testes” para avaliar sua “operabilidade”, ainda segundo o Guardian.

“As vedações nas janelas e nas portas foram verificadas para garantir a estanqueidade e os drenos sem obstruções”, aponta o jornal, notando que foi usada água em vez de químicos tóxicos, “com uma granada de fumaça acesa para simular o gás”.

Os funcionários terão recorrido a métodos “primitivos” para testar a segurança da câmara, nomeadamente “uma vela”, segundo a mesma publicação.

A câmara de gás já terá sido dada como operacional e, portanto, os condenados à morte do Arizona poderão escolher ser executados dessa forma ou recebendo uma injecção letal de pentobarbital, um sedativo. Este é o método mais usado em todos os Estados norte-americanos que aplicam a pena de morte.

“Agonizante sufocamento e engasgamento”

O alemão Walter LaGrand foi a última pessoa a ser executada na câmara de gás do Arizona, em 1999, depois de ter sido condenado pelo roubo a um banco, onde morreu uma pessoa em 1982. Ele terá demorado 18 minutos a morrer e um jornal local descreveu os seus últimos momentos como de “agonizante sufocamento e engasgamento”.

O mais recente condenado a ser executado à morte no Arizona foi Joseph Wood, em 2014. O homem de 55 anos, condenado por ter morto a ex-namorada e o pai dela em 1989, levou duas horas a morrer após ter sido injectado com 15 doses de uma mistura experimental de drogas cuja composição nunca foi revelada.

Após um interregno de sete anos, o Arizona estará, agora, a tentar retomar as execuções. Actualmente, o Estado tem 115 pessoas no corredor da morte, segundo o The Guardian.

Dois condenados de 65 anos são os mais prováveis candidatos a serem os primeiros executados a breve prazo – Frank Atwood, considerado culpado da morte de uma menina de 8 anos, e Clarence Dixon, sentenciado pela morte de uma estudante em 1978.

O advogado de Frank Atwood, Joseph Perkovich, salienta ao The Guardian que nenhum dos métodos de execução “é sustentável”. Ele continua a tentar provar a inocência do seu cliente, mas salienta que “Frank Atwood está preparado para morrer”.

“Ele é um homem de fé Ortodoxa Grega e está a preparar-se para esse momento. Mas não quer ser torturado, nem sujeitado a uma execução malfeita”, atesta Joseph Perkovich.

Susana Valente, ZAP //

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