Em ano de pandemia, o Banco de Portugal (BdP) deu 671 milhões de euros em dividendos ao Estado, segundo os dados divulgados, esta quinta-feira, pelo supervisor da banca.
No Relatório do Conselho de Administração de 2020, consta que o Banco de Portugal distribuiu dividendos ao Estado no valor de 671 milhões de euros. Mário Centeno considera que este lucro deve ser valorizado, num ano particularmente difícil devido à pandemia de covid-19.
O ECO salienta que a maior parte do valor diz respeito a dividendos distribuídos ao acionista num ano em que o supervisor lucrou 535 milhões de euros, mais 31 milhões de euros do que o orçamentado.
“O resultado apurado possibilitou a distribuição de dividendos ao Estado no valor de 428 milhões de euros. Considerando o imposto sobre o rendimento corrente, foram entregues ao Estado 671 milhões de euros”, lê-se no documento.
Apesar de a remuneração entregue ao Estado representar uma quebra face ao ano anterior (quando o supervisor entregou 607 milhões de euros), o valor ficou acima do previsto no Orçamento do Estado para 2021, que apontava que esta receita se situasse em 374,5 milhões de euros.
“Os resultados do Banco de Portugal são muito positivos e são em especial explicados pela componente receita de juros associada à gestão das medidas de política monetária”, explicou o governador do BdP, Mário Centeno.
“Essa gestão tem permitido ao banco ter um conjunto de receitas muito significativo que, no final de cada ano, é entregue na forma de dividendos ao Estado. Em 2020, nessa componente não foi muito diferente de anos passados”, continuou.
Para o resultado líquido, contribuíram a margem de juros, no montante de 802 milhões de euros, e os resultados realizados em operações financeiras e prejuízos não realizados, no montante de -21 milhões de euros, associados à desvalorização do dólar norte-americano.
No final do ano passado, o balanço do BdP totalizava 192 mil milhões de euros, um valor superior em 33 mil milhões de euros ao registado no final de 2019. “Este aumento do balanço decorreu, essencialmente, das medidas adotadas para mitigar os efeitos da pandemia de covid-19 sobre a economia”, justifica a entidade.
Valor do ouro do Banco de Portugal disparou
O diário económico informa ainda que, apesar de o regulador não ter mexido nas reservas de ouro, o seu valor disparou: Portugal mantém 382,6 toneladas deste metal precioso nos cofres, estando avaliadas em quase 19 mil milhões de euros.
“À semelhança dos anos anteriores, a quantidade de ouro detida pelo Banco não se alterou: 382,6 toneladas”, lê-se no Relatório do Conselho de Administração do Banco de Portugal.
Em 2020, deu-se uma forte valorização do metal precioso: subiu 24,6%, em dólares, com os investidores a procurarem ativos de refúgio perante a forte volatilidade nos mercados de capitais.
Em euros, a subida do metal foi menos expressiva, mas houve uma forte valorização. As 382,6 toneladas são as mesmas, mas “o seu valor em euros aumentou 14,3%”.
BdP comprou 15,6 mil milhões de euros em dívida
O Banco de Portugal comprou 15,6 mil milhões de euros em dívida da bazuca pandémica do Banco Central Europeu (BCE).
Segundo o ECO, este montante representa mais de metade do reforço do balanço do banco central, que atingiu, principalmente devido às medidas de combate à pandemia, um novo recorde no ano passado.
No final do ano passado, o balanço do BdP totalizava 192 mil milhões de euros, um valor superior em 33 mil milhões de euros ao registado no final de 2019.
“Foi o maior aumento dos últimos anos e o balanço do Banco de Portugal tem aumentado muito nos últimos anos. Mas 2020 foi um ano excecional e está agora próximo do valor do PIB nominal de Portugal”, explicou Centeno, na apresentação do documento.