As autoridades israelitas estão a cometer crimes de ‘apartheid’ e de perseguição, declarou a Human Rights Watch (HRW) num relatório apresentado esta terça-feira, que examina as políticas de Israel em relação aos palestinianos.
De acordo com o relatório, citado pelo Público e que analisa políticas e práticas das autoridades israelitas em relação a palestinianos e a judeus, o Governo detém a maior parte do poder entre o rio Jordão e o Mar Mediterrâneo, privilegiando os judeus sobre os palestinianos que vivem nessas zonas, incluindo Jerusalém Oriental.
“Vozes importantes têm vindo a avisar, há anos, que o ‘apartheid’ está mesmo ao virar da esquina se a trajetória de Israel face aos palestinianos não mudar”, disse o diretor-executivo da HRW, Kenneth Roth, acrescentando: as “autoridades israelitas já viraram essa esquina” e estão “a cometer os crimes contra a humanidade de ‘apartheid’ e perseguição”.
Em janeiro, a organização israelita B’Tselem caracterizou o sistema das autoridades israelitas como ‘apartheid’, indicando que o Governo não pode considerar-se uma democracia dentro da “Linha Verde” (considerada a base para uma potencial divisão de dois Estados). Em algumas zonas, apontam para uma “ameaça demográfica” palestiniana.
A B’Tselem apontou a lei do Estado nação – que declara Israel como o “Estado do povo judaico” e o uso do hebraico como língua oficial -, de 2018, e o anúncio do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, de que planeava anexar parte do Vale do Jordão para classificar o regime no país como ‘apartheid’.
O Governo israelita não considera Jerusalém Oriental um território ocupado, assumindo a cidade como capital, o que não é reconhecido internacionalmente – exceto para os EUA.
Segundo o relatório, o Estado hebraico tenta maximizar os terrenos para os judeus e colocar os palestinianos em centros populacionais densos, controlados por militares. Já os israelitas vivem em colonatos judaicos, “de modo segregado, no mesmo território”, o “equivalente à opressão sistemática que é condição para ‘apartheid’”.
O termo já tinha sido usado anteriormente pela HRW para acusar a Birmânia (atual Myanmar) de cometer este crime contra os rohingya, num relatório antes das eleições de 2020, e a Índia, em 2007.