A rede de nervos que conecta os olhos ao cérebro é muito sofisticada. Uma equipa de cientistas mostrou agora que evoluiu muito antes do que se pensava.
A sofisticada rede de nervos que conecta os olhos ao cérebro evoluiu cerca de 100 milhões de anos antes do que se pensava. Esta é a conclusão da investigação de uma equipa de cientistas do Departamento de Biologia Integrativa da Faculdade de Ciências Naturais da Universidade do Michigan, que identificou a rede em peixes ancestrais.
De acordo com o Europa Press, a investigação revela também que a conexão olho-cérebro é anterior aos animais que vivem na terra. Até agora, pensava-se que a conexão tinha evoluído, num primeiro momento, em criaturas terrestres e, a partir daí, continuou em seres humanos, tendo ajudado na nossa perceção de profundidade e visão 3D.
Além de alterar a nossa compreensão, este trabalho tem implicações médicas futuras.
O portal explica que estudar modelos animais é uma forma muito valiosa para os cientistas aprenderem sobre saúde e doença, mas fazer conexões com as condições humanas a partir desses modelos pode ser desafiador.
O peixe-zebra, por exemplo, é um animal-modelo popular, mas a conexão olho-cérebro é muito diferente da do ser humano. Na verdade, isso ajuda a explicar por que motivo os cientistas pensaram que a conexão humana se desenvolveu primeiro em criaturas terrestres de quatro membros (tetrápodes).
O especialistas decidiram estudar o peixe gar, da família dos Lepisosteiformes. Este peixe evoluiu mais lentamente do que o peixe-zebra, o que significa que é mais semelhante ao último ancestral comum partilhado por peixes e humanos.
As semelhanças podem fazer deste peixe um poderoso modelo animal para estudos em saúde.
A equipa usou uma técnica inovadora para ver os nervos que conectam os olhos ao cérebro em várias espécies diferentes de peixes.
No peixe-zebra, cada olho tem um nervo que o conecta ao lado oposto do cérebro. Nos peixes mais “antigos”, existem projeções visuais ipsilaterais ou bilaterais: cada olho tem duas conexões nervosas, uma de cada lado do cérebro, tal como nos seres humanos.
O artigo científico foi publicado no dia 8 de abril na Science.