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Há uma ligação genética entre o formato do cérebro e o do rosto

Uma equipa de cientistas identificou 76 regiões do genoma que moldam o cérebro e o rosto, mas não encontrou evidências de que essa sobreposição genética preveja traços comportamentais e cognitivos ou risco de doenças.

Os investigadores usaram informações do Biobank do Reino Unido para estudar a estrutura do cérebro – obtida através de ressonâncias magnéticas – de 19.644 pessoas saudáveis. Depois, relacionaram os dados das análises com as informações genéticas disponíveis.

A equipa identificou 472 áreas do genoma que influenciam a forma do cérebro (351 nunca tinham sido relatadas) e 76 regiões genéticas mostraram influenciar a estrutura facial.

“Ficamos surpreendidos ao encontrar 76 regiões genéticas que afetam tanto o formato do rosto quanto o do cérebro na população humana”, disse Joanna Wysocka, da Escola de Medicina da Universidade de Stanford.

A especialista acrescentou, citada pelo Sci-News, que se trata de “um grau surpreendente de sobreposição, que mostra o quanto estas duas estruturas se afetam mutuamente durante o desenvolvimento”.

Os cientistas também encontraram evidências de que os sinais genéticos que influenciam o formato do cérebro e o do rosto são enriquecidos nas regiões do genoma que regulam a atividade do gene durante a embriogénese, seja nas células progenitoras faciais ou no cérebro em desenvolvimento.

Para Wysocka, “isto faz sentido porque o desenvolvimento do cérebro e do rosto é coordenado”, mas “não estávamos à espera de que esta ‘conversa’ cruzada de desenvolvimento fosse tão geneticamente complexa e tivesse um impacto tão amplo na variação humana”.

No entanto, nenhum dado deste estudo sugere que seja possível “prever o comportamento, função cognitiva ou distúrbios neuropsiquiátricos, como esquizofrenia ou TDAH, simplesmente olhando para o rosto de uma pessoa”, salienta a investigadora.

“Por outras palavras: o nosso risco de desenvolver um transtorno neuropsiquiátrico não está escrito no nosso rosto“, acrescentou.

Mesmo com tecnologias avançadas, “é impossível prever o comportamento de alguém com base nas suas características faciais”, resumem os autores do artigo científico, publicado no dia 5 de abril na Nature Genetics.

Liliana Malainho, ZAP //

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