Apenas 5% das empresas planeiam contratar até junho

António Cotrim / Lusa

Apenas 5% das empresas planeiam contratar entre abril e junho, o valor mais baixo desde que a ManpowerGroup começou a realizar o Employment Outlook Survey, há dois anos, com o setor da restauração e da hotelaria a ser o mais afetado, apesar dos sinais de recuperação.

De acordo com o relatório, citado esta terça-feia pelo Observador, 6% dos empregadores pensam reduzir o número de trabalhadores, colocando a criação líquida de emprego estimada, nos próximos três meses, em -1%. Já 81% preveem manter o nível de emprego e 8% ainda não decidiram.

É “a incerteza do momento” que está a moldar as perspetivas dos empresários, disse ao Observador Rui Teixeira, chefe de operações da ManpowerGroup Portugal, sublinhando  que a aceleração do emprego deverá depender da vacinação, da abertura de fronteiras, da mobilidade e do regresso dos turistas.

Na restauração e a hotelaria, somente 5% dos empregadores preveem contratar até junho e 11% pensa reduzir o número de trabalhadores, com uma criação líquida de emprego de -6%. Apesar de negativo, o número aponta para uma melhoria de 10 pontos percentuais face ao trimestre anterior, mas um declínio de 27 face a período homólogo.

“Este setor junta o pior dos dois mundos” – a impossibilidade de os trabalhadores exercerem o trabalho presencialmente, mas também a inexistência de procura, com o fecho das fronteiras e as restrições à mobilidade, referiu Rui Teixeira.

Nas atividades que permitem teletrabalho, os empresários estimam uma criação líquida de emprego em 5%.

A Grande Lisboa é a região mais afetada no próximo trimestre, com 2% dos empregadores a contar aumentar os postos de trabalho e 7% a reduzi-los. No Centro, 7% pensa em despedir e 4% em contratar. Já no Sul, a criação de emprego estimada é de -1%.

“Acreditamos que o início de junho [quando sair o próximo relatório], tendo em conta que vimos de uma fase com novas medidas e uma nova abertura, trará novas perspetivas”, apontou Rui Teixeira, para quem a pandemia foi um “aprendizagem”, por ter revelado a “necessidade de adaptabilidade” e de “treino constante” dos trabalhadores.

No inquérito, ocorrido entre 18 de janeiro e 02 de fevereiro, participaram 514 empresas.

 

Taísa Pagno //

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