Estas baratas são um dos poucos insetos que se suspeita acasalarem com o mesmo parceiro até ao fim da sua existência. O segredo deste amor duradouro? Um bocadinho de canibalismo mútuo.
De acordo com o site Science Alert, investigadores recolheram algumas baratas da espécie Salganea taiwanensis de florestas japonesas e levaram-nas para o laboratório, onde filmaram 24 casais durante três dias. A equipa notou que, depois do acasalamento, estes insetos comem as asas uns dos outros.
Na maior parte do tempo, a barata que estava a ser sujeita a este comportamento permanecia totalmente imóvel. Pouco mais de um terço das vezes, o recetor “balançava violentamente o corpo para a esquerda e para a direita”, o que por vezes vezes fazia o outro parceiro parar. Em metade dos casais, este comportamento acontecia até que todas as quatro asas desaparecessem por completo.
Os resultados deste estudo, publicado a 25 de janeiro na revista científica Ethology, ocorreram apenas em laboratório, mas os autores argumentam que se não houvesse algum benefício para as duas baratas, era expectável que houvesse mais “confusão” quando isto acontece.
Segundo o mesmo site, esse comportamento pode estar mais relacionado com a higiene do que com a alimentação, uma vez que as asas não trazem grande valor nutricional à sua dieta.
Em vez disso, os cientistas sugerem que o canibalismo mútuo pode acontecer para fazer aumentar a sobrevivência do parceiro, de modo a poderem criar as suas crias, durante anos a fio, sem terem de se preocupar com eventuais traições.
Depois de voarem do local onde nasceram e encontrarem um parceiro, estas baratas alimentam e protegem as suas crias no conforto de um tronco apodrecido, criando-as juntas como um verdadeiro casal.
Em locais tão apertados, as suas asas provavelmente não são assim tão úteis. E também podem deixar estes insetos mais vulneráveis a ácaros, infeções e, claro, às tentações de outras baratas.
O canibalismo sexual não é um comportamento estranho entre insetos, mas, geralmente, a fêmea come o macho de uma forma fatal. A situação inversa é muito rara e esta alimentação recíproca, então, é totalmente única.