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Restos mortais carbonizados dão novas indicações sobre rituais fúnebres do período Neolítico

L. Maher, D. Macdonald / EFAP

Uma equipa de investigadores encontrou os restos mortais de uma mulher que foi queimada na Jordânia há mais de 20 mil anos. Esta descoberta demonstra que as crenças em relação à morte mudaram muito antes daquilo que se pensava.

Afinal, os caçadores do Médio Oriente mudaram o seu relacionamento com os mortos há quase 20 mil anos. Esta é uma conclusão que os especialistas tiram depois da descoberta dos restos mortais de uma mulher numa cabana de um acampamento sazonal.

Os investigadores acreditam que os enterros de pessoas em casas ou outras estruturas se tenham originado em vilas agrícolas do período Neolítico ao redor do Médio Oriente, há cerca de 20 mil anos, e não há 10 mil como se pensava anteriormente.

A nova descoberta sugere que os habitantes do Neolítico daquela região começaram a associar os mortos a estruturas particulares, numa altura em que grupos de caçadores acampavam, durante uma parte do ano, num local de caça e comércio no leste da Jordânia, relata o artigo publicado no March Journal of Anthropological Archaeology.

O sepultamento de mortos dentro de casas e a queima destas são rituais bem conhecidos desde os períodos neolíticos posteriores, embora a sua combinação como prática mortuária seja rara.

No entanto, para o início do Epipalaeolítico, a queima de uma estrutura que contém a deposição primária de restos mortais é uma novidade e significa um aparecimento precoce da queima intencional de corpos como um ritual fúnebre, recorda o Science News.

Várias escavações no antigo local, agora chamado de Kharaneh IV, revelaram o esqueleto de uma mulher parcialmente carbonizado dentro de uma cabana que foi também incendiada. O corpo da idosa foi colocado de lado com os joelhos flexionados, sendo que algumas análises de padrões de carbonização sugerem que terá sido colocado dentro da cabana pouco antes da estrutura de madeira ser intencionalmente queimada.

A nova descoberta em Kharaneh IV “relaciona a morte de uma pessoa e a destruição ou morte de um prédio como parte de um ritual funerário”, diz Lisa Maher, uma das autoras do estudo. A arqueóloga e a sua equipa suspeitam que a cabana seria o local onde a mulher e a sua família viviam.

O uso do fogo neste tipo de situações pode significar algum tipo de transformação, renascimento, limpeza ou ciclo de vida ou morte, sugere a arqueóloga.

Ana Isabel Moura, ZAP //

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