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Desvendado mistério da formação das colossais crateras nos solos da Sibéria

Várias crateras têm aparecido de forma explosiva na Península Yamal, no oeste da Sibéria. Apesar de os cientistas suspeitarem de que o gás metano se infiltrou na tundra enquanto degela e causa as explosões, há cientistas empenhados em investigar este misterioso fenómenos.

Uma nova investigação, levada a cabo por cientistas do Woodwell Climate Research Center, identificou três novas crateras na região. Fotografias tiradas por drones, modelagem 3D e Inteligência Artificial indicaram que as crateras podem estar fortemente relacionadas com as mudanças climáticas.

Até agora, foram documentadas 17 crateras, sendo que a última foi descoberta no ano passado. Uma equipa de cientistas russos visitou-a em agosto de 2020, tendo sido a primeira vez que os especialistas usaram um drone para estudar uma cratera em profundidade. As descobertas foram publicadas na Geosciences.

Para analisar os buracos, os especialistas usaram dados de satélite para criar um modelo, baseado em Inteligência Artificial, com a plataforma de computação em nuvem do Google Earth Engine. O modelo mostrou todas as sete crateras relatadas por cientistas até 2017 e descobriu três novas, avança o Interesting Engineering.

Com base no modelo, a equipa chegou à conclusão de que as crateras começam a formar-se no subsolo em taliks, uma espécie de bolsas de terra descongelada que se formam sob os lagos árticos quando a água aquece. A quantidade de gás metano nos taliks pode ser elevada, o que provoca a explosões.

“Estas crateras representam um processo do sistema terrestre que era desconhecido até então”, resumiu Sue Natali, diretora do programa do Ártico no Woodwell Climate Research Center e co-autora do artigo científico, em declarações ao Gizmodo.

O modelo também revelou algumas mudanças na região. Entre 1984 e 2017, cerca de 5% da área analisada sofreu mudanças no ecossistema: “mudanças na vegetação; elevação e extensão da água”, com lagos inteiros a morrer devido ao permafrost que forma as suas bordas externas; e fundos a derreter com as temperaturas cada vez mais altas.

A área também ficou mais verde e o derretimento do gelo está a fazer com que algumas partes da região afundem.

“As crateras e outras mudanças abruptas que ocorrem na paisagem do Ártico são indicativas de um rápido aquecimento e degelo, que pode ter consequências graves para os residentes do Ártico e do mundo”, rematou Natali.

Liliana Malainho, ZAP //

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