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O primeiro buraco negro descoberto é muito mais massivo do que pensávamos

International Centre for Radio Astronomy Research

Novas observações do primeiro buraco negro descoberto levou uma equipa de astrónomos a questionar o que sabem, afinal, sobre os objetos mais misteriosos do Universo.

Uma análise recente, na sequência de novas observações do sistema Cygnus X-1, revelaram que contém um buraco negro com quase 21 vezes a massa do Sol, ou seja, 50% mais massivo do que se pensava.

Os resultados foram publicados na Science no dia 18 de fevereiro.

Os cientistas usaram o Very Long Baseline Array – um radiotelescópio do tamanho de um continente, feito de 10 antenas espalhadas pelos Estados Unidos – e uma técnica inteligente para medir distâncias no Espaço.

“Se pudermos ver o mesmo objeto de locais diferentes, podemos calcular a sua distância da Terra medindo a distância a que o objeto parece estar a mover-se em relação ao fundo”, explicou James Miller-Jones, da Curtin University e do International Centre for Radio Astronomy Research (ICRAR), citado pelo Phys.

“Durante seis dias, observamos uma órbita completa do buraco negro e usamos observações feitas do mesmo sistema com o mesmo conjunto de telescópios em 2011”, disse Miller-Jones.

“Este método e as nossas novas medições mostram que o sistema está mais distante do que se pensava, com um buraco negro que é significativamente mais massivo.”

Cygnus X-1 está localizado na Via Láctea, a cerca de 7.200 anos-luz da Terra, e tem uma órbita de 5,6 dias ao redor de uma estrela companheira supergigante. Este detalhe significa que o buraco negro se desloca a uma velocidade extremamente rápida.

Ilya Mandel, da Monash University e do ARC Centre of Excellence in Gravitational Wave Discovery (OzGrav), disse que o buraco negro é tão grande que se torna um verdadeiro desafio para os astrónomos, nomeadamente tendo em conta tudo o que sabiam até agora sobre a formação de buracos negros.

“As estrelas perdem massa para o ambiente circundante através dos ventos estelares que sopram da sua superfície. Mas para fazer um buraco negro tão pesado, precisamos de reduzir a quantidade de massa que as estrelas brilhantes perdem durante as suas vidas”, explicou.

“O buraco negro no sistema Cygnus X-1 começou a vida como uma estrela com, aproximadamente, 60 vezes a massa do Sol e entrou em colapso há dezenas de milhares de anos. Incrivelmente, orbita a sua estrela companheira – uma supergigante – a cada cinco dias e meio, a apenas um quinto da distância entre a Terra e o Sol”, acrescentou.

As novas observações confirmam que o buraco negro tem mais de 20 vezes a massa do nosso Sol, “um aumento de 50% nas estimativas anteriores“.

Liliana Malainho, ZAP //

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